Author: Alessandro Buonopane

  • Da defesa reativa à proativa: O novo cenário da cibersegurança em 2025

    Da defesa reativa à proativa: O novo cenário da cibersegurança em 2025

    O panorama da segurança cibernética está prestes a passar por uma transformação significativa em 2025, impulsionada principalmente pela evolução da Inteligência Artificial (IA) e pelo aumento expressivo dos custos associados a ataques cibernéticos. Com perdas globais médias de US$ 3,32 milhões por empresa nos últimos três anos, conforme levantamento da PwC, e um terço das empresas brasileiras sofrendo prejuízos de pelo menos US$ 1 milhão no mesmo período, a necessidade de fortalecer as defesas digitais tornou-se mais crítica do que nunca.

    A IA está emergindo como protagonista nesta nova fase da cibersegurança, deixando de ser apenas uma ferramenta auxiliar para se tornar um agente autônomo de defesa ativa. Segundo o relatório Cybersecurity Forecast 2025 do Google Cloud, 2025 marcará uma virada significativa, com a consolidação de operações semiautônomas e a preparação para um futuro de proteção digital totalmente automatizada. No Brasil, esse movimento já é evidente, com 85% das empresas aumentando seus investimentos em IA generativa nos últimos 12 meses, superando a média global de 78%.

    Contudo, esta evolução traz consigo novos desafios e preocupações. Um dado alarmante revelado neste ano mostra que 89% dos líderes de TI temem impactos na cibersegurança devido a falhas na IA Generativa. Além disso, 87% dos profissionais expressam apreensão quanto à possível falta de responsabilidade pela segurança digital devido ao excesso de confiança na tecnologia. Este cenário é ainda mais complexo quando consideramos que apenas 2% das organizações globais implementaram integralmente ações de resiliência na área.

    O uso de IA para detectar anomalias, responder a incidentes e antecipar ameaças será cada vez mais presente, permitindo um tempo de resposta muito mais rápido, um dos principais desafios atuais da cibersegurança. Entretanto, este avanço não estará livre de desafios. A maturação dos modelos de IA, a confiança nos sistemas automatizados e as questões de governança serão cruciais para garantir que essas tecnologias ajudem sem comprometer a segurança e a privacidade das organizações. Para as empresas, isso representará a necessidade de revisar suas políticas de governança, garantindo que a IA seja usada de forma ética e em conformidade com regulamentações cada vez mais rigorosas.

    O Fórum Econômico Mundial adiciona outra camada de complexidade ao destacar que 54% dos representantes corporativos consideram o supply chain de Sistema de Informação (SI) como o maior obstáculo à resiliência cibernética. Esta preocupação é amplificada pela crescente interconexão das cadeias de suprimento, tensões geopolíticas e a ascensão de tecnologias emergentes, como novas linguagens de IA e computação quântica. Ou seja, a segurança cibernética será, portanto, uma responsabilidade compartilhada, exigindo colaboração entre empresas, governos e outras entidades.

    No contexto brasileiro, as regulamentações têm desempenhado um papel crucial no fortalecimento da segurança digital. Boa parte dos líderes brasileiros afirmaram recentemente que as regulamentações incentivaram o aumento de investimentos em segurança nos últimos 12 meses, com 89% reconhecendo que estas normas ajudaram a fortalecer suas posturas de segurança. No entanto, persiste uma lacuna de confiança entre CEOs e CISOs quanto à capacidade de cumprir exigências regulatórias, especialmente em relação à IA e resiliência cibernética.

    As organizações enfrentam também desafios financeiros significativos relacionados à implementação da IA Generativa. Enquanto 75% dos líderes de TI concordam que os custos da IA Generativa em produtos de cibersegurança são difíceis de quantificar, 87% acreditam que as economias geradas pela tecnologia compensarão os investimentos. Esta perspectiva positiva é contrabalanceada pela preocupação com a pressão para reduzir o número de profissionais de segurança cibernética, expressa por 84% dos entrevistados.

    No cenário nacional, destaca-se ainda a crescente preocupação com golpes financeiros, particularmente aqueles relacionados ao PIX. Segundo um relatório sobre o tema, as perdas com fraudes devem crescer 39% até 2028, potencialmente atingindo US$ 1,937 bilhão. Este aumento está diretamente relacionado à expansão de golpes baseados em engenharia social, que não requerem conhecimento técnico avançado por parte dos criminosos.

    O futuro da segurança cibernética e digital para empresas em 2025 e no futuro demandará uma abordagem equilibrada entre inovação tecnológica e prudência. As companhias precisarão investir não apenas em tecnologias avançadas de proteção, mas também em treinamento de pessoal, conscientização sobre riscos e estabelecimento de protocolos robustos de segurança. A colaboração entre setores público e privado, bem como o compartilhamento de informações sobre ameaças, poderá se tornar cada vez mais crucial para construir um ambiente digital mais seguro e resiliente – e pelo preço certo.

  • Multinuvem: Por que estar em uma nuvem não é suficiente para as empresas mais inovadoras

    Multinuvem: Por que estar em uma nuvem não é suficiente para as empresas mais inovadoras

    A nuvem (cloud) transformou a forma como as empresas trabalham com dados, oferecendo maior flexibilidade e escalabilidade. No entanto, a crescente demanda por soluções mais dinâmicas e inovadoras impulsionou o surgimento de outros modelos, dentre eles o multicloud, que permitem otimizar custos, melhorar a performance e garantir maior flexibilidade.

    Como o próprio nome indica, um ambiente multicloud é uma área de computação em nuvem que utiliza os serviços de múltiplos provedores de cloud, como Amazon Web Services (AWS), Microsoft Azure e Google Cloud Platform (GCP). Nele, ao invés de se vincular a um único provedor, as empresas distribuem suas cargas de trabalho entre diferentes plataformas, buscando otimizar custos, desempenho, segurança e flexibilidade.

    Não por acaso, a busca por soluções mais eficientes e personalizadas dentro da computação em nuvem segue em expansão, com 49% das organizações adotando uma estratégia de nuvem em primeiro lugar, de acordo com um relatório do Cloud Industry Forum 2024. Destas companhias, 98% usam ou planejam usar pelo menos dois provedores de infraestrutura de nuvem, enquanto outros 31% estão usando quatro ou mais.

    De tão estratégico na atualidade, o multicloud gerou um contrato nos Estados Unidos de US$ 9 bilhões de ninguém menos do que o Pentágono com a Amazon, Microsoft, Oracle e Google. O que as autoridades de segurança buscam com isso é o mesmo que as principais companhias do planeta: obter o melhor de cada provedor com eficiência, agilidade e custo-benefício superior aos modelos tradicionais de computação.

    Entretanto, a escolha dos provedores certos e a distribuição eficiente das cargas de trabalho são cruciais para o sucesso de um ambiente multicloud. É preciso ter ciência detalhada de cada aplicativo e serviço, considerando ainda a oferta de serviços por cada provedor que atendam às aplicações da companhia e a localização geográfica dos seus clientes.

    Essa adoção de um ou mais fornecedores dentro do multicloud ainda deve levar em conta serviços e funcionalidades, a precificação, o suporte técnico e a segurança. Uma vez definido isso, é importante construir uma boa distribuição das cargas de trabalho – considerando requisitos, custos, gerenciamento e backups –, o que permite ainda uma resiliência e observalidade qualitativas e eficientes, evitando problemas de maneira preditiva.

    Fica claro que é grande a complexidade do multicloud, já que gerenciar múltiplos ambientes de nuvem pode ser complexo, exigindo ferramentas e processos específicos. Além disso, é mandatório garantir a segurança dos dados em diferentes plataformas, especialmente quando se trata de conformidade com regulamentações, e integrar diferentes serviços de nuvem pode exigir o desenvolvimento de soluções personalizadas. Sem o devido cuidado, esse ambiente pode sofrer com problemas de gerenciamento e de custos.

    A procura por recursos que evitem bloqueios dentro das cadeias de fornecimento, com recursos de recuperação de desastres e que, neste pacote, tragam melhores custos e serviços seguirá em alta. E é por isso que saber trabalhar com as tecnologias de ponta é tão importante quanto ter o devido conhecimento para gerenciá-las – sejam elas públicas, privadas ou híbridas em sua origem. Até mesmo a Inteligência Artificial (IA) só pode evoluir em um ambiente múltiplo de nuvens, como corroboraram 92% de líderes em uma recente pesquisa.

    Para simplificar, pense no ambiente multicloud como administrar um restaurante, no qual cada prato vem de uma cozinha diferente, com seu próprio chef e receita única. Se você souber usar esse cardápio variado, ao mesmo tempo, em favor do seu público-alvo, você terá o que há de melhor em termos de desempenho e confiabilidade em suas operações. Importante reforçar que se trata de um processo contínuo de melhoria e ajustes estratégicos.

    Se bem “temperada”, essa refeição fará o cliente voltar para repetir a experiência, não tenho a menor dúvida disso.

  • Inteligência Artificial não vai roubar o seu emprego – se você abraçar a mudança

    Inteligência Artificial não vai roubar o seu emprego – se você abraçar a mudança

    O futuro do trabalho já está entre nós. Com a crescente influência da Inteligência Artificial (IA) e a automação em diversos setores, o mercado de trabalho está passando por uma grande transformação. Cada vez mais as empresas estão buscando profissionais com um conjunto de habilidades que vão além das técnicas e que os tornem mais adaptados a um mundo cada vez mais digital e complexo.

    Nesta realidade acompanhada pelos mais avançados meios tecnológicos, não existe mais a separação entre o lado humano e o digital. Ou seja, as ferramentas e softwares ganham status de integrantes de equipes, não somente meros meios para o alcance de objetivos e metas. A tendência, pelo que acompanhamos, é termos cada vez mais uma metamorfose de funções e responsabilidades, além do surgimento de times compostos por humanos e por IA, desafiando assim as estruturas organizacionais e as formas de trabalho tradicionais.

    Tal cenário faz com que existam muitos debates em torno dos possíveis desafios econômicos da tecnologia para companhias e trabalhadores. Há quem diga que a importância econômica do trabalho humano perderá relevância com os avanços da IA, que tomará para si um número maior de tarefas nos próximos anos. Dentro desta lógica, muitos aspectos socioeconômicos serão colocados, como a desvalorização de habilidades, a distribuição de renda e a criação de novas estruturas econômicas.

    Eu não me coloco neste campo um tanto quanto pessimista. Ainda estamos distantes de uma IA plenamente capaz de executar importantes funções, seja no mercado de trabalho ou na vida em geral. Ela ainda produz muitos conteúdos equivocados, mesmo com modelos de linguagem cada vez mais robustos. O que a faz poderosa é a sua associação justamente com a mente humana, capaz de fazer a curadoria e referendar os resultados produzidos por essa e demais tecnologias. Sem o aspecto humano, podemos acabar com uma porção de ferramentas de uso limitado ou pouco útil.

    Aos que, como eu, reconhecem que o futuro do trabalho já chegou, vale reforçar o que vem por aí. A IA ou a tecnologia não tomará empregos de ninguém, devemos tirar esse tipo de lógica do caminho. Contudo, essa nova realidade em torno do mercado exige um novo conjunto de habilidades, não importa a sua área de atuação. Por isso, ao desenvolver essas habilidades, você estará melhor preparado para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que o mundo laboral oferece.

    Há números para ajudar a ilustrar o que quero dizer. Um em cada dez profissionais contratados neste ano possui um cargo que não existia há 24 anos atrás, de acordo com uma pesquisa do LinkedIn, que menciona funções hoje comuns como Gerente de Sustentabilidade, Engenheiro de IA, Cientista de Dados, Gerente de Mídia Social e Gerente de Sucesso do Cliente, mas que não eram as mais conhecidas, disputadas (ou até existentes) em 2000.

    As principais empresas do mundo compreendem isso. Uma série de CEOs ouvidos em uma pesquisa da IBM afirmaram que as pessoas fazem e seguirão fazendo toda a diferença em seus negócios, porém pelo menos 35% da força de trabalho terá de passar por processos de reciclagem e requalificação nos próximos três anos – um acréscimo considerável em relação aos 6% registrados há três anos. Ou seja, não é só apenas sobre ganho de produtividade e redução de custos que estamos falando aqui quando pensamos em IA.

    Outra prova de que o futuro do trabalho – ou aqui talvez também possa ser o trabalho do futuro – é uma iminência estratégica é a falta de profissionais qualificados em alguns campos da economia e dos negócios. Por conta disso, tão importante quanto investir na capacitação de quem já está na sua organização é conseguir se tornar um “imã de talentos”, e para isso iniciativas como a confiança nas lideranças, as oportunidades de trabalho remoto e híbrido, as remunerações e ações em favor de carreiras e diversidade aparecem como relevantes.

    Alguns estudos apontam casos de sucesso aos que, no ambiente corporativo, se mostram dispostos a ser flexíveis, resilientes e capazes de se transformar. Segundo um relatório, quase 30% das companhias listadas são bem-sucedidas ao adotar modelos de trabalho focados em inovação, com tecnologias de ponta e força laboral flexível e distribuída. Essas empresas têm 30% menos despesas operacionais, graças à automação e processos melhorados, com ganhos financeiros positivos para 57% delas.

    Como toda a mudança, ela pode ser muitas vezes incerta e causar uma série de temores. A mesma pesquisa do LinkedIn diz que 49% dos trabalhadores temem ficar para trás, com 64% afirmando estarem sobrecarregados com a velocidade das mudanças no trabalho (no Brasil este o dado sobe para 87%). Contudo, o contingente de profissionais em busca de cursos e qualificações adicionais também está em alta – 79% dos brasileiros destacam essa procura em suas áreas.

    A IA está transformando a passos largos a maneira com que interagimos com a tecnologia e com problemas complexos. Tão importantes quanto os dilemas relativos à sua regulamentação e governança também está o significado do trabalho humano, peça que seguirá como pedra fundamental nesta equação que incorpora a potência digital e os valores humanos básicos. Desta forma, as habilidades seguirão em alta, desde que exista disposição em se reinventar.