Category: Tendências

  • Varejistas preparam-se para o “trimestre dourado”, com aumento de demanda

    Varejistas preparam-se para o “trimestre dourado”, com aumento de demanda

    As cadeias de suprimentos no varejo estão se tornando cada vez mais complexas e suscetíveis a interrupções, enquanto o aumento global da inflação impacta os custos dos varejistas e altera o comportamento de compra dos consumidores. Neste setor, nenhum ano é igual ao outro, e o mesmo pode ser dito sobre um dos períodos mais previsíveis do calendário: a corrida pelas compras de fim de ano. 

    Os meses de outubro a dezembro têm, há décadas, representado uma grande oportunidade de geração de receita, razão pela qual são frequentemente chamados de “trimestre dourado”. Este período inclui eventos cada vez mais globalizados, como a Black Friday e a Cyber Monday, além das festividades de dezembro e promoções que se estendem até o ano novo. Essa é uma época em que a demanda aumenta significativamente, e com a qual o varejo on-line precisa ser capaz de lidar e de tirar todo proveito possível. 

    No entanto, à medida que os consumidores afetados pelas mudanças do custo de vida adotam uma abordagem mais conservadora sobre como gastam seu dinheiro, exige que o varejo eleve o nível de suas operações através da inteligência de dados. Aqueles que conseguirem aproveitar o grande volume de informações de compra poderão adotar uma conduta mais precisa e personalizada, demonstrando valor e influenciando a mudança de comportamento de compradores conservadores. 

    O que esperar do trimestre dourado de 2024?

    Se há algo certo sobre o período de compras de fim de ano de 2024, é que a infraestrutura de TI e dados será essencial para usufruir o aumento da demanda e convertê-lo em vendas. Nos últimos anos, observa-se uma tendência de suavização dos picos de atividade durante eventos promocionais específicos, como a Black Friday, pois eles não são mais concentrados em um único dia, e passaram a se estender por semanas e meses, permitindo maior vantagem competitiva. 

    Os consumidores confiam cada vez mais nos canais online para decidir o que e onde comprar, pesquisando entre as diversas opções disponíveis. Embora anteriormente as preocupações tecnológicas dos varejistas se concentrassem apenas na preparação e na manutenção da operação durante picos de tráfego de curta duração, a atividade é menos previsível, atualmente. O período prologando de vendas de fim de ano exige não apenas resiliência, mas também inteligência, análise das jornadas dos clientes e adaptação de estratégias. 

    Preparando-se para o sucesso

    Os varejistas precisam preparar seus sistemas para lidar com a alta intensidade de tráfego e com a imprevisibilidade de quando os picos ocorrerão. Quando problemas são observados e os serviços são impactados em um período de alto tráfego, tempo é dinheiro: as empresas não podem disponibilizar seus times por vários dias tentando identificar e corrigir falhas. É fundamental que elas implementem monitoramento em tempo real, simulando o comportamento dos usuários e testando a capacidade de tráfego com antecedência, garantindo maior confiança na habilidade de superar as ocorrências que possam surgir. 

    Nesse cenário, o monitoramento e a observabilidade impulsionados por Inteligência Artificial Generativa (IA) têm se mostrado valiosos em ambientes de e-commerce. Os complexos sistemas de TI não podem mais ser gerenciados apenas por humanos, o que torna a implementação da IA mandatória para evitar ou resolver incidentes antes que eles afetem o cliente ou para que se possa fornecer a causa raiz, o contexto e a solução das anomalias para a equipe de TI, de modo que a resolução ocorra quase em tempo real. 

    Insights orientados por dados: o diferencial dos vencedores

    De certa forma, a corrida pelas compras de fim de ano é um microcosmo de alta intensidade do comportamento dos consumidores ao longo do ano. No entanto, quando falamos em despesas não essenciais, uma abordagem direcionada e estratégica é fundamental. A taxa média de abandono de carrinhos é de 66,5%, segundo dados da OptiMonk e da Conversific. A conversão de vendas está se tornando mais difícil, ao mesmo tempo em que está cada vez mais fácil perdê-la. 

    Ao investir em observabilidade de TI, os varejistas podem se preparar melhor para aproveitar o trimestre dourado. Cada clique, toque ou deslizar na tela na jornada do cliente conta uma história. Os varejistas podem capturar e reproduzir visualmente uma experiência digital completa para cada usuário, identificando os pontos de atrito que causam o abandono do carrinho. Talvez as páginas sejam difíceis de navegar, os usuários de dispositivos móveis estejam respondendo de forma diferente a determinadas promoções ou certas opções de pagamento estejam causando atritos desnecessários. Esse nível detalhado de insights diferenciará os vencedores, permitindo que eles ofereçam a experiência digital mais proativa, contínua e precisa para converter vendas. 

    Com uma abundância de dados de vendas e de experiência do cliente ao alcance das mãos, os varejistas que investirem na extração de insights e respostas a partir dessas informações serão os que colherão as maiores recompensas nesta temporada de compras e depois dela.

  • Os desafios para a correta implementação do Low-Code/ No-Code

    Os desafios para a correta implementação do Low-Code/ No-Code

    As plataformas Low-Code/No-Code, que permitem a criação de aplicações e soluções digitais com pouco ou nenhum código manual, estão em crescimento, impulsionadas pela necessidade de acelerar a transformação digital. 

    Porém, algumas empresas podem enfrentar desafios ao integrar essas plataformas com suas infraestruturas tecnológicas existentes. A compatibilidade com sistemas legados, a garantia da segurança dos dados e a manutenção da governança de TI são pontos críticos que devem ser levados em consideração. 

    Além disso, pode ocorrer o fenômeno do shadow IT, em que soluções são desenvolvidas sem o conhecimento ou aprovação da área de TI, potencialmente criando riscos de segurança e compliance. Por isso, é importante estabelecer políticas claras e envolver o departamento de TI na implementação dessas plataformas. 

    Assim, é necessário garantir também que as plataformas Low-Code/No-Code ofereçam mecanismos robustos de segurança, como autenticação multifator, criptografia de dados e conformidade com as regulamentações aplicáveis. O controle de acesso deve ser baseado em funções e auditorias detalhadas para monitorar atividades e responder a possíveis ameaças. 

    Ao implementar uma solução Low-Code/No-Code, é fundamental considerar diversos critérios, como o alinhamento com os objetivos de negócios, a escalabilidade e flexibilidade da plataforma, sua facilidade de integração com sistemas já existentes, o cumprimento de normas de segurança e compliance, o suporte oferecido pelo fornecedor e a facilidade de uso e adoção pelos colaboradores. 

    Por outro lado, dentre as principais tendências deste tipo de solução, destaca-se a integração com a inteligência artificial e o aprendizado de máquina para automatizar processos mais complexos. Já é possível observarmos no mercado mais preocupação com a segurança e conformidade com regulamentações como a LGPD e GDPR. As plataformas também facilitam a colaboração entre áreas de negócio e TI, permitindo um trabalho conjunto mais harmonioso. 

    Diversos setores, como o financeiro, saúde, varejo e manufatura, estão se beneficiando do uso dessas plataformas, que utilizam interfaces gráficas intuitivas, componentes pré-construídos e lógica drag-and-drop. Elas contribuem para sanar a necessidade constante de inovar rapidamente e se adaptar às mudanças do mercado. Com o Low-Code/No-Code, essas indústrias podem desenvolver soluções personalizadas em menos tempo, melhorar a eficiência operacional e proporcionar melhores experiências aos clientes. 

    Dessa forma, aceleram todo o ciclo de desenvolvimento, desde a concepção até a implementação, e permitem a reutilização de módulos e integração fácil com outros sistemas, liberando as equipes para focar na inovação. 

    No contexto de projetos internos, as plataformas Low-Code/No-Code são úteis para resolver desafios específicos ao permitir a rápida prototipação e implementação de soluções sob medida. Elas podem ser usadas para automatizar processos, criar dashboards de análise em tempo real ou desenvolver aplicativos móveis para equipes de campo, respondendo de forma ágil às necessidades operacionais sem depender exclusivamente do departamento de TI. 

    Isso estimula a experimentação e a criatividade, além de fomentar uma cultura de inovação, em que diferentes equipes podem colaborar para desenvolver soluções que atendam às suas necessidades específicas.

  • Os desafios para a correta implementação do Low-Code/ No-Code

    Os desafios para a correta implementação do Low-Code/ No-Code

    As plataformas Low-Code/No-Code, que permitem a criação de aplicações e soluções digitais com pouco ou nenhum código manual, estão em crescimento, impulsionadas pela necessidade de acelerar a transformação digital. 

    Porém, algumas empresas podem enfrentar desafios ao integrar essas plataformas com suas infraestruturas tecnológicas existentes. A compatibilidade com sistemas legados, a garantia da segurança dos dados e a manutenção da governança de TI são pontos críticos que devem ser levados em consideração. 

    Além disso, pode ocorrer o fenômeno do shadow IT, em que soluções são desenvolvidas sem o conhecimento ou aprovação da área de TI, potencialmente criando riscos de segurança e compliance. Por isso, é importante estabelecer políticas claras e envolver o departamento de TI na implementação dessas plataformas. 

    Assim, é necessário garantir também que as plataformas Low-Code/No-Code ofereçam mecanismos robustos de segurança, como autenticação multifator, criptografia de dados e conformidade com as regulamentações aplicáveis. O controle de acesso deve ser baseado em funções e auditorias detalhadas para monitorar atividades e responder a possíveis ameaças. 

    Ao implementar uma solução Low-Code/No-Code, é fundamental considerar diversos critérios, como o alinhamento com os objetivos de negócios, a escalabilidade e flexibilidade da plataforma, sua facilidade de integração com sistemas já existentes, o cumprimento de normas de segurança e compliance, o suporte oferecido pelo fornecedor e a facilidade de uso e adoção pelos colaboradores. 

    Por outro lado, dentre as principais tendências deste tipo de solução, destaca-se a integração com a inteligência artificial e o aprendizado de máquina para automatizar processos mais complexos. Já é possível observarmos no mercado mais preocupação com a segurança e conformidade com regulamentações como a LGPD e GDPR. As plataformas também facilitam a colaboração entre áreas de negócio e TI, permitindo um trabalho conjunto mais harmonioso. 

    Diversos setores, como o financeiro, saúde, varejo e manufatura, estão se beneficiando do uso dessas plataformas, que utilizam interfaces gráficas intuitivas, componentes pré-construídos e lógica drag-and-drop. Elas contribuem para sanar a necessidade constante de inovar rapidamente e se adaptar às mudanças do mercado. Com o Low-Code/No-Code, essas indústrias podem desenvolver soluções personalizadas em menos tempo, melhorar a eficiência operacional e proporcionar melhores experiências aos clientes. 

    Dessa forma, aceleram todo o ciclo de desenvolvimento, desde a concepção até a implementação, e permitem a reutilização de módulos e integração fácil com outros sistemas, liberando as equipes para focar na inovação. 

    No contexto de projetos internos, as plataformas Low-Code/No-Code são úteis para resolver desafios específicos ao permitir a rápida prototipação e implementação de soluções sob medida. Elas podem ser usadas para automatizar processos, criar dashboards de análise em tempo real ou desenvolver aplicativos móveis para equipes de campo, respondendo de forma ágil às necessidades operacionais sem depender exclusivamente do departamento de TI. 

    Isso estimula a experimentação e a criatividade, além de fomentar uma cultura de inovação, em que diferentes equipes podem colaborar para desenvolver soluções que atendam às suas necessidades específicas.

  • Google Cloud Summit 2024: a jornada da IA para transformar empresas

    Google Cloud Summit 2024: a jornada da IA para transformar empresas

    No último mês, o Google Cloud Summit 2024 reuniu em São Paulo grandes nomes do setor tecnológico para discutir avanços em Inteligência Artificial (IA) e outras tecnologias emergentes. O evento colocou o público em contato com diversas inovações tecnológicas, além de trazer reflexões sobre como transformar esses avanços em soluções concretas para superar desafios do mundo empresarial.

    Um dos principais pontos discutidos foi a aplicação prática da IA. Eduardo Lopez, presidente do Google Cloud para a América Latina, destacou a importância de usar IA para resolver problemas reais, como otimizar processos internos e melhorar experiências dos clientes. A IA generativa teve destaque com exemplos práticos de como automatizar atividades e gerar novos produtos que promovem eficiência e inovação.

    Foram apresentados o Cloud Space e o Startup Hub, ambos em São Paulo, cujos objetivos são acelerar o desenvolvimento de soluções digitais e fortalecer o ecossistema de startups na região. Por meio dessas iniciativas, o Google oferece infraestrutura de ponta e apoio especializado para fomentar inovação e ajudar empresas emergentes a superar desafios de maneira eficiente.

    Durante o evento, a Gentrop subiu ao palco principal com a Natura para lançar o case envolvendo as duas empresas, destacando a redução de 90% no retrabalho após a adoção do Google Workspace. A parceria impactou mais de 20 mil colaboradores na América Latina, promovendo maior eficiência operacional e colaborativa.

    Sendo uma das patrocinadoras do evento, a Gentrop também apresentou uma palestra sobre o case do Banco Mercantil, que alcançou um aumento de 30% na eficiência dos processos internos e maior colaboração entre as equipes distribuídas pelo Brasil. A adoção das ferramentas colaborativas contribuiu significativamente para a transformação cultural da empresa, alinhando tecnologia e valores organizacionais.

    Inteligência Artificial responsável

    Outro ponto importante foi a ênfase na IA responsável, integrando IA de forma ética e transparente, minimizando viés e maximizando a segurança. O Summit reforçou a importância de projetar tecnologias que considerem os impactos sociais e a privacidade dos usuários.

    Ferramentas como o Vertex AI Agent Builder, que permite criar assistentes virtuais personalizados, também tiveram destaque. Essas ferramentas automatizam processos e se adaptam às necessidades específicas de cada organização, aumentando a eficiência operacional. Também foi abordado o Google Workspace aliado à IA generativa, como as ferramentas Google Vids e Gemini 1.5 Pro, que possibilita gerar conteúdo de forma colaborativa e automatizada, economizando tempo e potencializando o impacto das atividades.

    O Google Cloud Summit 2024 demonstrou que a colaboração entre diferentes atores – de startups a grandes empresas – é essencial para promover um ecossistema de inovação robusto e criar soluções que preparam o mercado para desafios futuros.

    Estamos apenas no começo de uma jornada de transformação digital, onde a tecnologia – quando usada de forma ética e focada nas pessoas – pode transformar como nos relacionamos, trabalhamos e vivemos.

  • As indústrias devem priorizar a experiência do cliente no e-commerce

    As indústrias devem priorizar a experiência do cliente no e-commerce

    O comércio eletrônico de produtos industriais tem evoluído significativamente na última década, levando uma nova dinâmica aos mercados de tecnologia e automação. Se no início da era digital o e-commerce era visto apenas como uma alternativa de conveniência, hoje ele é o principal pilar nas estratégias de crescimento das indústrias. A grande questão, no entanto, vai além de simplesmente disponibilizar soluções online: como oferecer uma experiência de compra que realmente agregue valor ao cliente?

    De acordo com o Anuário CX Trends 2024, 52% dos entrevistados preferem comprar de marcas que oferecem uma boa experiência, enquanto 27% concordam parcialmente. Isso significa que mais de três quartos dos consumidores valorizam a experiência tanto quanto o produto, tornando esse um fator decisivo na escolha de onde comprar.

    Diferentemente de setores mais tradicionais, o e-commerce de materiais para indústrias envolve algumas particularidades. Estamos lidando com itens muitas vezes complexos, como disjuntores, inversores e soluções avançadas para gestão de energia e automação. Nesse sentido, essas plataformas precisam oferecer muito mais do que simples transações comerciais; elas devem proporcionar uma jornada de compra completa, em que informação, personalização e suporte sejam elementos primordiais.

    Quando falamos de produtos tecnológicos, uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos clientes é a falta de clareza sobre as especificações. Ao contrário de itens de consumo rápido, como roupas ou eletrodomésticos, soluções para automação e energia demandam um entendimento técnico mais profundo. Isso torna a acessibilidade à informação um ponto determinante no processo de decisão de compra – e por isso é o primeiro tópico da lista.

    É fundamental oferecer descrições técnicas detalhadas, manuais de instalação e guias de uso diretamente nas páginas dos produtos. Além disso, vídeos tutoriais e webinars são recursos valiosos para ajudar os clientes a entenderem o produto e suas aplicações práticas. O cliente precisa se sentir seguro quanto ao que está adquirindo, com todas as informações ao seu alcance.

    Outro ponto-chave na transformação digital das empresas é a integração total dos canais de atendimento. No mercado de itens para indústrias, é essencial que o cliente possa transitar entre diferentes plataformas – site, aplicativo ou até mesmo contato telefônico – sem perder a continuidade da sua jornada de compra.

    Essa experiência, conhecida como omnichannel, garante que o cliente tenha suporte onde quer que esteja. Seja para tirar dúvidas técnicas antes de finalizar uma compra ou resolver questões relacionadas à entrega, o atendimento deve ser fluido e eficiente em todos os pontos de contato.

    Uma das grandes vantagens do e-commerce é a possibilidade de personalizar a jornada de compra. Ferramentas de inteligência artificial permitem que as plataformas aprendam com o comportamento do cliente e ofereçam recomendações mais assertivas. No e-commerce de tecnologia e automação, isso pode ser um grande diferencial, pois facilita a descoberta de itens complementares ou acessórios específicos para cada necessidade.

    Cabe ressaltar que a personalização também pode se estender ao conteúdo. Enviar newsletters segmentadas e notificações personalizadas com base no histórico de compras ou nas interações do cliente cria uma relação de proximidade, ampliando as chances de fidelização.

    A entrega é, sem dúvida, um dos maiores fatores de satisfação ou frustração no e-commerce. No caso de produtos tecnológicos, que muitas vezes são volumosos ou de alto valor, a eficiência e a confiabilidade da logística se tornam ainda mais pertinentes.

    Investir em parcerias com operadores logísticos de qualidade e oferecer prazos de entrega realistas são medidas indispensáveis para aumentar a confiança do consumidor. Um bom e-commerce vai além da compra; oferecer rastreamento em tempo real viabiliza que o cliente acompanhe cada etapa do processo, transmitindo maior segurança.

    Muitas empresas podem não se atentar a esse detalhe, mas o suporte técnico é tão ou mais importante do que a compra em si. O cliente precisa ter a segurança de que, ao optar por comprar online, estará amparado em caso de problemas ou dúvidas.

    Quanto mais o e-commerce ganha relevância nos diversos setores industriais, mais é necessário aprimorar a experiência do consumidor. Empresas que investem na jornada digital de seus consumidores, oferecendo informações claras, suporte técnico eficiente e logística ágil, estão melhor posicionadas para captar clientes. E claro, o pós-venda é o estágio final para fidelizá-los.

  • Como os smart lockers estão revolucionando entregas no comércio eletrônico

    Como os smart lockers estão revolucionando entregas no comércio eletrônico

    Você já se viu preocupado com uma importante reunião de trabalho que surgiu de última hora enquanto uma entrega estava prestes a chegar? Ou, por receio do extravio das suas compras, ter que mudar de planos apenas para estar a postos quando o entregador interfonasse? Situações como essa fazem parte do dia a dia de grande parte dos brasileiros adeptos a comprar nos e-commerces.

    Segundo informações recentes divulgadas pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), esse mercado teve um incremento de 9,7% em 2024 em relação a 2023, totalizando R$ 44,2 bilhões em vendas apenas no primeiro trimestre do ano. A previsão da organização é a de que esse número passe para R$ 205,11 bilhões até dezembro. Diante do aquecimento desse nicho, os armários inteligentes, também conhecidos como smart lockers (em inglês), emergem como uma solução inovadora para driblar um dos principais desafios de crescimento do setor. 

    O last mile, que nada mais é do que a etapa final da entrega na qual o pacote vai do centro de distribuição ao consumidor final, é uma das fases mais complexas e custosas da cadeia logística do comércio eletrônico, muito por conta do trânsito urbano e das falhas nas tentativas de entregas, que costumam acontecer de duas a três vezes durante esse processo. Por sua vez, o armário inteligente otimiza essa dinâmica ao atuar como uma espécie de intermediário, permitindo que os objetos sejam entregues e retirados de forma autônoma tanto em complexos residenciais quanto comerciais. 

    Em termos de vantagens que a inovação traz para a logística do e-commerce, podemos destacar a redução dos custos operacionais. Em casos de entregas múltiplas, por exemplo, o entregador consegue depositar todas as encomendas em uma única parada, sem precisar depender da presença do cliente, e, evitando assim, ter que retornar àquele endereço. Aqui, existe uma diminuição do desgaste dos veículos, além da redução da necessidade de armazéns temporários de mercadorias localizados próximo ao consumidor final, possibilitando uma economia em aluguel e manutenção desses imóveis.

    Outro aspecto positivo do uso dos smart lockers para o comércio eletrônico é a otimização do tempo dos entregadores, visto que com a centralização das encomendas, há uma necessidade menor desses profissionais cobrindo a mesma área, permitindo que se realizem mais entregas em um único dia. 

    Neste contexto, a segurança também pode ser citada como um benefício. Afinal, para retirar a entrega é preciso de uma senha enviada no dispositivo móvel do próprio comprador. Sendo assim, minimiza-se o risco de quebra ou roubo de pacotes que normalmente ficam jogados na porta do consumidor, e, o e-commerce ganha em confiabilidade. Por fim, a sustentabilidade é um tópico relevante. A otimização das rotas e a redução de tentativas de entrega diminuem a emissão de gases poluentes e contribuem com o bem-estar público.

    A verdade é que em um país como o Brasil, onde o comércio eletrônico encontra-se em plena ascensão, os smart lockers começam a despontar de forma revolucionária. À medida que as compras digitais continuam a crescer e a demanda por soluções mais eficientes e sustentáveis aumenta, a tendência é que esses sistemas se espalhem rapidamente. O futuro será conectado e inteligente. Não temos como voltar atrás! 

    Formado em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e com MBA em Mercado de Capitais, o empreendedorismo pulsa nas veias de Elton Matos, que atualmente é sócio-fundador e CEO da Airlocker, primeira franquia brasileira de armários inteligentes totalmente autogerenciáveis.

  • EQ Commerce: a revolução da experiência de compra no varejo digital

    EQ Commerce: a revolução da experiência de compra no varejo digital

    Nos últimos anos, o varejo global tem experimentado uma transformação impulsionada pelas novas demandas dos consumidores. Segundo uma pesquisa da PwC, 56% dos CEOs apontam que a mudança nas preferências dos clientes é o maior desafio para a rentabilidade dos negócios. Esse fenômeno, acentuado pela pandemia, elevou as expectativas por uma experiência de compra personalizada, intuitiva e eficaz. Em resposta a essa realidade, o conceito de Economia da Expectativa vem ganhando força, propondo um modelo de consumo em que as marcas não apenas atendem, mas antecipam as necessidades de seus clientes em todos os pontos de contato.

    É no cenário da Economia da Expectativa que vemos surgir a macrotendência identificada pela consultoria The Future Laboratory. EQ Commerce (ou Emotional Quotient Commerce) é uma abordagem que vai além da venda tradicional e busca transformar cada interação em uma experiência preditiva e proativa. Nesta macrotendência observamos a união do poder de tecnologias avançadas, como a inteligência artificial e a realidade aumentada, a um entendimento qualificado das expectativas e do comportamento do público. Essa nova forma de comércio resolve uma das maiores dores do varejo digital: a “fadiga algorítmica”, quando os consumidores se frustram com recomendações genéricas e ofertas que não refletem seus gostos e preferências reais. Com esta nova abordagem, as marcas conseguem interpretar dados de forma imediata e personalizar a jornada de compra, gerando um ambiente dinâmico e focado na satisfação individual.

    Entre as principais tendências  do EQ Commerce está o Discovery Commerce, que transforma a busca tradicional por produtos em uma descoberta intuitiva e customizada. Em vez de esperar que o consumidor encontre o que deseja, essa estratégia apresenta itens e ofertas que, de forma proativa, se alinham com seu perfil e interesses. De acordo com a Coresight Research, a hiperpersonalização dos feeds de compras – que leva o produto certo até o cliente certo – pode aumentar o engajamento e fortalecer a fidelização, transformando a experiência em um verdadeiro diferencial competitivo para as marcas.

    Outro aspecto central no EQ Commerce é a integração da inteligência artificial (IA), que permite uma customização em grande escala. Com 71% dos varejistas aumentando seus investimentos em IA, de acordo com o Total Retail 2023, 73% têm direcionado esses recursos especificamente para oferecer conteúdos altamente personalizados, segundo a Coresight Research. A IA possibilita que as marcas adaptem não apenas o que é sugerido, mas também como e quando isso é apresentado, gerando interações satisfatórias e em momentos relevantes. Em um ambiente onde um clique pode significar a migração para o site de um concorrente, esse tipo de resposta ágil e orientada a dados se torna essencial.

    A realidade aumentada (RA) é um pilar importante do EQ Commerce, elevando o momento de compra a um novo patamar de interatividade e imersão. Cerca de 63% dos consumidores afirmam que a RA melhora significativamente a experiência, de acordo com pesquisa da Statista, permitindo que visualizem produtos de maneira dinâmica e aprofundada. Grandes marcas como Walmart e Lacoste já utilizam a RA de acordo com a tendência  Virtual Flagship, criando ambientes online imersivos que replicam aspectos da experiência física e fortalecem o senso de exclusividade e pertencimento dos clientes.

    Dessa forma, o EQ Commerce tem a capacidade de promover interações mais próximas e emocionalmente conectadas com os consumidores. Com ele, é possivel ter ambientes nos quais influenciadores e curadores participam da jornada digital, aproximando marcas e consumidores de forma autêntica, estimulando a identificação e sensação de que suas preferências são valorizadas. Isso cria um vínculo que ultrapassa a transação comercial e reforça a lealdade a longo prazo.

    Na América Latina, onde 50% das empresas ainda não se sentem confiantes em suas estratégias de experiência do cliente, segundo pesquisa da CMO Council, de 2023, o EQ Commerce se destaca como um modelo transformador. As empresas que adotam essa abordagem, utilizando IA e dados comportamentais em tempo real, têm uma chance maior de se diferenciar e conquistar clientes em um mercado cada vez mais digital e competitivo. A promessa do EQ Commerce vai além de atender às demandas do presente, ela estabelece um novo paradigma de relacionamento entre marcas e consumidores, em que a inovação e a experiência caminham lado a lado, moldando o futuro do varejo.

  • A equidade de gênero no ambiente corporativo ainda é uma meta e temos um longo caminho a percorrer

    A equidade de gênero no ambiente corporativo ainda é uma meta e temos um longo caminho a percorrer

    A questão das desigualdades de gêneros nos ambientes de trabalho é algo sobre o qual temos debatido como sociedade, em especial entre homens e mulheres, e há outras minorias também. Hoje quero colocar no centro da discussão o papel do autoconhecimento – e da inteligência emocional, que é parte intrínseca deste –; pois o fato é que quanto mais o ser humano desenvolve sua autopercepção, mais será capaz de sedimentar oportunidades iguais a todos sem distinção de gênero.

    Todos os preconceitos nos separam; é como estarmos com uma viseira mental com danos sociais grandes. É como olhar pela fechadura de uma porta e ver apenas um pedaço da realidade; restrita, sendo que poderíamos ver aquele ambiente inteiro. O preconceito é isso; reduzir as pessoas e seus potenciais a uma ótica de gênero apenas; como se isso as fizesse melhores ou piores umas das outras.

    Sabemos que o mundo é colaborativo. homens e mulheres podem e formam uma linda parceria, portanto, medir o potencial de alguém em qualquer área da vida com base em gênero é uma grande falácia. Na realidade somos diferentes e complementares. As construções neurológicas das mulheres são diferentes das dos homens e isso é muito positivo para unirmos, cada qual de acordo com a sua fisiologia, nossas potencialidades. O que definitivamente não cabe mais é uma concorrência antiga e ultrapassada. A resistência é um paradigma velho passível de ser superado com o autoconhecimento.

    O que carregamos de preconceito hoje é ultrapassado. É aquilo que ainda “arrastamos” de gerações anteriores, por exemplo, que determinaram que aos 50 ou 60 anos a pessoa estava velha, preparando-se para a aposentadoria. Será que você se sente assim? Muitas vezes, a própria mulher vivencia essas crenças. Vamos pensar que ainda é algo muito novo termos pessoas com 50+ no mercado de trabalho, ativas, em nossa sociedade – e independente de gênero. Esse é um contexto que nos convida também a um novo olhar sobre capacidades, performances e resultados – temos jovens que não estão usando o seu potencial e temos 50+ que estão no auge da sua competência. A inovação traz o frescor daquilo que não cabe mais à sociedade, portanto, sim, todos podem se reinventar na vida e no trabalho, ter capacidade de ser produtivo e trazer resultados de altíssima performance.

    Já parou para refletir que o que vivemos hoje é resultado de escolhas velhas? Os nossos livros de história dão respostas a perguntas antigas e agora a vida nos convida a uma grande oportunidade de mudança. É com essa abertura que necessitamos olhar para as pessoas, independente de idade, de gênero e cor. Essa é a verdadeira evolução e revolução que precisamos promover e estamos neste momento! Tudo começa com a insatisfação e com o diálogo para chegarmos em um novo lugar – sendo que a primeira conversa é conosco mesmo.

    Diante de todas as dificuldades e problemas que, sim, existirão em nossas vidas, necessitamos nos perguntar: “Muito bem, o que eu faço com isso?”. Se não trouxermos primeiro esse auto olhar, não visualizaremos a capacidade de melhor lidarmos com o que nos acontece, nem de promover as mudanças. Estaremos sempre com os questionamentos e esperando que as soluções se realizem pelos “outros”.

    O autoconhecimento nos faz mergulhar para dentro de nós, trazendo consciência e caminhos para reciclarmos nossos comportamentos, em especial os “empoeirados”. E a inteligência emocional é fundamental, é ela quem agrega, nos conecta, que imagina e cria o mundo de amanhã. E todos queremos um mundo pacífico. Porém, num cenário de preconceitos e respostas velhas para problemas novos, isso não acontecerá.

    Inovar é a resposta! Não a temos exatamente ainda, justamente porque precisamos encontrá-la e quem faz isso, principalmente, é quem está vivendo o problema e passa a obter maior consciência dessa necessidade. Há quem já esteja nesse movimento – seja os 50+, as mulheres e cada um de nós que desperta para esse movimento –; todos temos a responsabilidade por construir novas possibilidades para vivermos esse mundo de agregação. Portanto, um mundo mais evoluído!

  • A Nike está perdendo a corrida

    A Nike está perdendo a corrida

    “A Nike relatou uma queda de 10% nas vendas trimestrais e retirou sua previsão anual nesta terça-feira.” Resgatei esta frase de uma matéria do Financial Times em outubro deste ano. Caso estivesse em sala de aula, algum aluno “apressadinho” viria com a pergunta: “Mas o que isso tem a ver com marketing, Poli? Isso é assunto para aula de finanças!”. Nessa situação, o silêncio fúnebre desse professor, ainda que por alguns instantes, seria suficiente para que fosse gerado um profundo arrependimento na mente do aluno “desbocado”. Com toda certeza que possa existir, tal estudante se lembraria de uma célebre frase de seu professor: “Marketing é irmão gêmeo de finanças”, o que é justificado pelo fato da palavra “lucro” estar presente nas mais clássicas definições de marketing.

    Quem poderia imaginar que uma empresa detentora de uma marca tão potente e admirada, com uma história tão instigante, se tornasse notícia por motivos tão infortúnios?

    Ouso arriscar, sem a mínima intenção de valorizar os ossos de meu ofício, de que as razões giram em torno de questões eminentemente ligadas a marketing. Ao ler e reler algumas matérias a respeito do tema, certos fatos que poderiam passar despercebidos, certamente para aqueles que acham que marketing acontece somente no mundo digital, capturaram a minha atenção. Alguns deles chegam a ser inacreditáveis.

    Parte da justificativa “corporativa” da NIKE diante da situação atual gira em torno da queda da demanda por seus produtos, algo que desconfiei logo de cara. Em uma rápida busca no Google chega-se ao seguinte fato: “Em primeiro lugar, o mercado de moda fitness deverá crescer de US$13,00 bilhões em 2023 para impressionantes US$16,30 bilhões até 2028.” Logo, é fácil concluir que, quase sempre, a resposta mais óbvia é a mais frágil. A culpa é sempre vem de outro lugar ou é de alguém, não é verdade?

    Descartada a principal variável incontrolável da equação, há de se considerar a máxima de que “o resultado de hoje é consequência do planejamento de ontem”. Em vista disso, as referidas matérias jornalísticas dão conta de que o CEO que assumiu a direção da NIKE em janeiro de 2020, ou seja, pouco antes da famosa pandemia, foi inicialmente elogiado pela condução da gestão do negócio, tendo acelerado de forma rápida a mudança para as vendas diretas ao consumidor.

    Não se trata de um fato novo, visto que inúmeras marcas assim o fizeram também de forma muito competente. No entanto, boa parte delas caiu na tentação diabólica de que poderiam crescer e prosperar sem a presença nos tradicionais canais de distribuição após a pandemia. Não precisar mais pagar o pedágio de atacadistas e varejistas foi realmente o canto da sereia para algumas delas. Até mesmo para a marca cujo nome remete a uma deusa da mitologia grega. Pelo visto, até mesmo os deuses se enganam.

    Ficar de fora dos tradicionais canais de distribuição durante a pandemia foi algo quase obrigatório, ainda que a presença nesses mesmos canais em sua forma digital também o fosse. Mas a tentação veio justamente da possibilidade de se ter os próprios canais de distribuição “eletrônicos”. Afinal, nada como se relacionar diretamente com seus mais diversos públicos-alvo. Superados os desafios logísticos, tem tudo para dar certo, como assim ocorreu.

    A tentação ficou ainda mais sedutora quando se passou a acreditar no dito “novo normal”, tão propagado, difundido e defendido por inúmeros analistas e gurus do mundo digital. Ideia que esse professor metido a escrevinhador sempre desconfiou, principalmente depois de ler alguns artigos de antropólogos sérios que retrataram contextos históricos decorridos após pandemias passadas. Expressei essa ideia claramente em uma frase presente num projeto de consultoria para o maior fabricante de bebidas desse país: “Após a pandemia, as pessoas vão querer suas vidas de volta”.

    A demanda por shows e turismo são exemplos, mais do que evidentes, de que a teimosia em nadar contra a corrente das ideias óbvias não foi em vão. Insistir em permanecer nos canais digitais próprios negligenciando a volta aos tradicionais canais de distribuição cobrou o seu preço. Afinal, pessoas voltaram a passear nos shoppings, mais do que nunca. Não estar presente no varejo físico implica necessariamente que alguém estará. Nesse caso específico, marcas como a On e a Hoka, principalmente em terras do Tio Sam e na Grande China. Segundo a matéria do FT, tais marcas obtiveram crescimentos significativos no “pós-pandemia”, fato oposto ao ocorrido na NIKE.

    Como diria Isaac Newton, dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço. Recuperar o espaço nas prateleiras passou a ser o grande desafio para a NIKE. Isso vai custar muito tempo, ainda mais quando se tem que enfrentar o ressentimento de varejistas outrora abandonados. E tempo, nesse caso, é literalmente dinheiro. Arriscaria dizer que se trata de um bom momento para comprar ações dessa empresa com vistas a um bom retorno num futuro de dois a três anos, mas é prudente não acreditar em mim quando o assunto é esse.

    Por fim, outra justificativa envolve a gestão de portfólio. Alguns analistas defendem a ideia de que a NIKE ousou demais no que tange as tendências de moda de “nível intermediário”, faixa que também foi invadida por marcas mais premium e atrativas a consumidores dessa vertente. Em vista disso, outros analistas apontam que “o conceito de oferecer tudo para todos” já não vale mais para o setor em questão, ainda mais para o grupo estratégico da NIKE. Em outras palavras, um choque derivado do desnatamento de uns contra a elevação de outros. Confesso que tal análise é complexa e requer um estudo muito consistente para se chegar a tais conclusões. Por enquanto, acreditemos nos analistas.

    A NIKE sempre primou por seu foco no desenvolvimento de produtos inovadores em termos de design e tecnologia. Por muito tempo, preferiu deixar seus processos de fabricação e distribuição alheios ao negócio principal, assim como faz a COCA-COLA até hoje.

    Enquanto isso, “Adidas relata crescimento de 10% nas vendas no terceiro trimestre e aumenta a projeção pela terceira vez neste ano”, diz outra matéria, publicada ao final de outubro pela Footwearnews.

    No mundo dos negócios, assim como na vida, tudo é permitido, mas nem tudo é conveniente.

  • A Nike está perdendo a corrida

    A Nike está perdendo a corrida

    “A Nike relatou uma queda de 10% nas vendas trimestrais e retirou sua previsão anual nesta terça-feira.” Resgatei esta frase de uma matéria do Financial Times em outubro deste ano. Caso estivesse em sala de aula, algum aluno “apressadinho” viria com a pergunta: “Mas o que isso tem a ver com marketing, Poli? Isso é assunto para aula de finanças!”. Nessa situação, o silêncio fúnebre desse professor, ainda que por alguns instantes, seria suficiente para que fosse gerado um profundo arrependimento na mente do aluno “desbocado”. Com toda certeza que possa existir, tal estudante se lembraria de uma célebre frase de seu professor: “Marketing é irmão gêmeo de finanças”, o que é justificado pelo fato da palavra “lucro” estar presente nas mais clássicas definições de marketing.

    Quem poderia imaginar que uma empresa detentora de uma marca tão potente e admirada, com uma história tão instigante, se tornasse notícia por motivos tão infortúnios?

    Ouso arriscar, sem a mínima intenção de valorizar os ossos de meu ofício, de que as razões giram em torno de questões eminentemente ligadas a marketing. Ao ler e reler algumas matérias a respeito do tema, certos fatos que poderiam passar despercebidos, certamente para aqueles que acham que marketing acontece somente no mundo digital, capturaram a minha atenção. Alguns deles chegam a ser inacreditáveis.

    Parte da justificativa “corporativa” da NIKE diante da situação atual gira em torno da queda da demanda por seus produtos, algo que desconfiei logo de cara. Em uma rápida busca no Google chega-se ao seguinte fato: “Em primeiro lugar, o mercado de moda fitness deverá crescer de US$13,00 bilhões em 2023 para impressionantes US$16,30 bilhões até 2028.” Logo, é fácil concluir que, quase sempre, a resposta mais óbvia é a mais frágil. A culpa é sempre vem de outro lugar ou é de alguém, não é verdade?

    Descartada a principal variável incontrolável da equação, há de se considerar a máxima de que “o resultado de hoje é consequência do planejamento de ontem”. Em vista disso, as referidas matérias jornalísticas dão conta de que o CEO que assumiu a direção da NIKE em janeiro de 2020, ou seja, pouco antes da famosa pandemia, foi inicialmente elogiado pela condução da gestão do negócio, tendo acelerado de forma rápida a mudança para as vendas diretas ao consumidor.

    Não se trata de um fato novo, visto que inúmeras marcas assim o fizeram também de forma muito competente. No entanto, boa parte delas caiu na tentação diabólica de que poderiam crescer e prosperar sem a presença nos tradicionais canais de distribuição após a pandemia. Não precisar mais pagar o pedágio de atacadistas e varejistas foi realmente o canto da sereia para algumas delas. Até mesmo para a marca cujo nome remete a uma deusa da mitologia grega. Pelo visto, até mesmo os deuses se enganam.

    Ficar de fora dos tradicionais canais de distribuição durante a pandemia foi algo quase obrigatório, ainda que a presença nesses mesmos canais em sua forma digital também o fosse. Mas a tentação veio justamente da possibilidade de se ter os próprios canais de distribuição “eletrônicos”. Afinal, nada como se relacionar diretamente com seus mais diversos públicos-alvo. Superados os desafios logísticos, tem tudo para dar certo, como assim ocorreu.

    A tentação ficou ainda mais sedutora quando se passou a acreditar no dito “novo normal”, tão propagado, difundido e defendido por inúmeros analistas e gurus do mundo digital. Ideia que esse professor metido a escrevinhador sempre desconfiou, principalmente depois de ler alguns artigos de antropólogos sérios que retrataram contextos históricos decorridos após pandemias passadas. Expressei essa ideia claramente em uma frase presente num projeto de consultoria para o maior fabricante de bebidas desse país: “Após a pandemia, as pessoas vão querer suas vidas de volta”.

    A demanda por shows e turismo são exemplos, mais do que evidentes, de que a teimosia em nadar contra a corrente das ideias óbvias não foi em vão. Insistir em permanecer nos canais digitais próprios negligenciando a volta aos tradicionais canais de distribuição cobrou o seu preço. Afinal, pessoas voltaram a passear nos shoppings, mais do que nunca. Não estar presente no varejo físico implica necessariamente que alguém estará. Nesse caso específico, marcas como a On e a Hoka, principalmente em terras do Tio Sam e na Grande China. Segundo a matéria do FT, tais marcas obtiveram crescimentos significativos no “pós-pandemia”, fato oposto ao ocorrido na NIKE.

    Como diria Isaac Newton, dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço. Recuperar o espaço nas prateleiras passou a ser o grande desafio para a NIKE. Isso vai custar muito tempo, ainda mais quando se tem que enfrentar o ressentimento de varejistas outrora abandonados. E tempo, nesse caso, é literalmente dinheiro. Arriscaria dizer que se trata de um bom momento para comprar ações dessa empresa com vistas a um bom retorno num futuro de dois a três anos, mas é prudente não acreditar em mim quando o assunto é esse.

    Por fim, outra justificativa envolve a gestão de portfólio. Alguns analistas defendem a ideia de que a NIKE ousou demais no que tange as tendências de moda de “nível intermediário”, faixa que também foi invadida por marcas mais premium e atrativas a consumidores dessa vertente. Em vista disso, outros analistas apontam que “o conceito de oferecer tudo para todos” já não vale mais para o setor em questão, ainda mais para o grupo estratégico da NIKE. Em outras palavras, um choque derivado do desnatamento de uns contra a elevação de outros. Confesso que tal análise é complexa e requer um estudo muito consistente para se chegar a tais conclusões. Por enquanto, acreditemos nos analistas.

    A NIKE sempre primou por seu foco no desenvolvimento de produtos inovadores em termos de design e tecnologia. Por muito tempo, preferiu deixar seus processos de fabricação e distribuição alheios ao negócio principal, assim como faz a COCA-COLA até hoje.

    Enquanto isso, “Adidas relata crescimento de 10% nas vendas no terceiro trimestre e aumenta a projeção pela terceira vez neste ano”, diz outra matéria, publicada ao final de outubro pela Footwearnews.

    No mundo dos negócios, assim como na vida, tudo é permitido, mas nem tudo é conveniente.