Category: Tendências

  • Free Flow: a revolução do transporte rodoviário no Brasil

    Free Flow: a revolução do transporte rodoviário no Brasil

    A tecnologia do free flow, ou fluxo livre, recentemente autorizada em território nacional pela Lei nº 14.157/2021, está revolucionando o transporte rodoviário de cargas e frotas no Brasil. Embora seja uma novidade por aqui, o free flow já é amplamente utilizado em outros países como China, Estados Unidos, Portugal e nosso vizinho Chile.

    O free flow é um sistema de pedágio sem cancelas, que permite que os veículos sejam identificados e tarifados por meio de pórticos instalados ao longo das rodovias. Esses pórticos fazem a leitura da placa ou do chip instalado nos veículos por meio de tags. Na prática, o motorista não precisa parar nem reduzir a velocidade ao passar pelo pedágio, o que resulta em economia, e traz diversos benefícios.

    O pagamento pode ser feito de forma automática, por meio da tag instalada no para-brisa do veículo, que se comunica com os pórticos localizados no trajeto. Neste caso, o motorista recebe a cobrança do pedágio na própria fatura da tag. Já o usuário que não tem a tecnologia, precisa fazer o pagamento de forma manual, por meio do aplicativo ou site da concessionária da rodovia.

    Além da facilidade de utilização e comodidade do pagamento na fatura, o uso da tag como meio de pagamento do free flow tem vantagens exclusivas, como o desconto de 5% sobre o valor do pedágio praticado, o Desconto Básico de Tarifa (DBT), destinado exclusivamente aos usuários da solução de pagamento automático.

    O projeto, que iniciou sua implantação no Brasil em janeiro de 2023, está sendo instituído de forma gradual, tendo sua primeira instalação no estado de São Paulo iniciada na última quarta-feira (04.09). Implantada no município de Itápolis, o pórtico está localizado no km 179 da Rodovia SP-333. De acordo com a EcoNoroeste, concessionária responsável pela rodovia, o valor de cobrança se mantém o mesmo do pedágio anterior, de R$ 8,90. Enquanto usuários de tag pagam R$ 8,45 – com o 5% de desconto do DBT.

    Além de São Paulo, ainda há em funcionamento quatro pórticos de free flow equipados com câmeras e sensores a laser, sendo um no Rio de Janeiro (Rio-Santos) e três no Rio Grande do Sul (ERS-122, ERS-240 e ERS-446), um marco importante dessa transformação. Segundo a Abepam (Associação Brasileira das Empresas de Pagamento Automático para Mobilidade), já há pórticos instalados ou em processo de instalação em 27 rodovias federais e 58 estaduais.

    A principal promessa do free flow é promover uma cobrança mais justa, uma vez que os pórticos serão implantados em mais pontos, acarretando a cobrança de tarifas proporcionais ao trajeto percorrido. Para os motoristas, é um alívio significativo. O fim das filas nos pedágios traz um ganho de produtividade e diminui o estresse, com uma fluidez maior no tráfego, que também contribui para reduzir o consumo de combustível – o que impacta diretamente o bolso do motorista e ainda ajuda o meio ambiente.

    Já para os embarcadores, responsáveis pelo envio de mercadorias, o free flow contribui para uma melhor previsibilidade do tempo de trânsito, o que facilita o planejamento logístico. A redução de atrasos e a maior eficiência no transporte resultam em uma cadeia de suprimentos mais confiável e ágil, proporcionando uma resposta mais rápida das empresas às demandas do mercado.

    Na prática, a comparação entre as tradicionais cabines de pedágio e o sistema free flow é reveladora. Um caminhão pode reduzir os gastos de combustível em até R$ 5 por praça de pedágio, simplesmente por não precisar desacelerar, parar e reacelerar. Essa economia, que equivale a cerca de 800 mililitros de diesel por pedágio, representa uma redução considerável nos custos operacionais. Além disso, com menos frenagens frequentes há uma diminuição das emissões de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, beneficiando o meio ambiente.

    À medida que o sistema se expande pelo Brasil, seus benefícios se tornam cada vez mais evidentes, consolidando-se como uma peça-chave na modernização do transporte rodoviário. Cabe agora às empresas e gestores abraçarem essa inovação, otimizando suas operações e contribuindo para um trânsito mais fluido e menos poluente, e tornarem o setor logístico mais eficiente e sustentável.

  • Vale do Silício discute: como os CEOs podem equilibrar inovação e crescimento?

    Vale do Silício discute: como os CEOs podem equilibrar inovação e crescimento?

    No dinâmico cenário do Vale do Silício, onde a inovação e o crescimento acelerado são prioridades absolutas, uma nova tendência de gestão tem despertado discussões entre fundadores e CEOs: o contraste entre o “Founder Mode” e o “Manager Mode”.

    Inspirado por Steve Jobs, o executivo Brian Chesky, cofundador e CEO do Airbnb, recentemente reacendeu o debate ao compartilhar sua experiência pessoal sobre como os líderes devem se posicionar dentro de suas empresas, principalmente em momentos de expansão. Chesky escolheu um caminho mais envolvido na operação diária, o que ele chama de “Founder Mode”, em oposição ao modelo mais tradicional, o “Manager Mode”, amplamente adotado por grandes corporações.

    Afinal, qual desses dois modos de gestão é o mais adequado para as empresas de tecnologia que enfrentam o desafio de manter a inovação em ritmo acelerado ao mesmo tempo que se expandem para novos mercados? E até que ponto um fundador pode ou deve manter o controle sobre os mínimos detalhes da operação?

    No “Founder Mode”, o fundador se posiciona como peça central, diretamente envolvido em decisões estratégicas e operacionais. Chesky, por exemplo, destacou que esse envolvimento contínuo foi crucial para preservar a essência inovadora do Airbnb, mesmo com seu crescimento exponencial. Uma das práticas recorrentes nesse modelo é a realização de “skip-level meetings”, onde o CEO se conecta diretamente com níveis operacionais, o que facilita decisões ágeis e alinhadas à visão original da empresa.

    Por outro lado, no “Manager Mode”, o CEO delega a execução diária aos líderes de áreas específicas, focando em estratégias mais amplas, como expansão de mercado e desenvolvimento de produtos em larga escala. Embora eficiente em empresas maiores, esse modelo corre o risco de distanciar o líder da operação e comprometer a agilidade e a preservação da cultura inicial.

    A grande questão é: até quando o “Founder Mode” é sustentável em empresas em expansão? À medida que uma startup cresce, manter um envolvimento tão profundo pode se tornar inviável e desgastante para o fundador, que precisará delegar mais responsabilidades para líderes especializados. O próprio Brian Chesky e Steve Jobs conseguiram manter o “Founder Mode” em empresas de grande porte, mas adaptaram suas abordagens, garantindo um equilíbrio entre o envolvimento no produto e a confiança em suas equipes.

    Empresas como Airbnb, Tesla e Google exploram formas híbridas, onde o fundador participa das decisões-chave, mas delega a gestão operacional a líderes experientes. Esse formato equilibra inovação com crescimento escalável, sem perder a essência da empresa. Elon Musk é um exemplo de como os fundadores podem ajustar seu envolvimento conforme suas empresas se tornam mais complexas.

    No fim, o verdadeiro desafio é encontrar o equilíbrio entre o “Founder Mode” e o “Manager Mode”, dependendo do estágio de desenvolvimento da empresa. O maior erro seria insistir em apenas um modelo de gestão sem considerar as necessidades específicas do negócio.

  • Como a utilização de IA generativa pode transformar negócios

    Como a utilização de IA generativa pode transformar negócios

    A popularização de soluções baseadas em IA generativa está contribuindo expressivamente para o movimento de adoção dessa tecnologia por empresas que estão enxergando novas oportunidades. Casos de uso se multiplicam no mercado com a aplicabilidade de ferramentas para otimizar processos, reduzir custos, ganhar agilidade e escalar vendas. Abaixo seguem alguns exemplos: 

    Gerar leads para o time comercial 

    Usar IA generativa para coletar dados na web e em sistemas internos, organizá-los, categorizá-los e priorizá-los para que times de vendas possam realizar o seu trabalho com muito mais assertividade e ter, de antemão, as informações mais quentes e precisas para fazer suas apresentações de vendas. 

    Criar apresentações 

    Sentar-se na frente do computador e começar um PPT totalmente do zero já está ficando no passado. Já é possível pedir para uma IA generativa pesquisar dados, estruturar informações e gerar o arquivo para você só dar o seu toque final. Pense na possibilidade de ter uma IA criando apresentações totalmente personalizadas para cada reunião de vendas que você tiver. Isso com certeza vai aumentar suas chances de ganhar novos negócios. 

    Atender clientes 

    Imagine uma IA generativa atendendo seus clientes no WhatsApp, fazendo SAC, explicando seus produtos e serviços, enviando vídeos, coletando opiniões e permitindo que tudo isso seja feito com uma linguagem natural que seus clientes poderão até achar que estão conversando com um humano. Agora vá além e pense que tudo isso pode ser feito 24 horas por dia, o ano todo. E ainda: você poderá pedir para a sua IA resumir tudo o que aconteceu e dar inúmeras dicas de como aprimorar a sua oferta com base no que o público fala. 

    Uma agência de marketing completa 

    Uma agência de marketing totalmente feita por IA generativa é um exemplo de serviço completo que está surgindo em todas as partes do mundo. Eu mesmo criei a minha e é realmente incrível. Primeiro, nesta agência que eu criei, há uma IA fazendo o papel de estrategista, onde ela vasculha o mercado, o que meus concorrentes estão fazendo, define os objetivos de marketing, identifica o público-alvo e estabelece a estratégia geral. Outra IA faz o trabalho criativo, gerando conteúdo adaptado ao público e ao canal (blog posts, e-mails, redes sociais, etc.). E outras IAs, junto a essas duas, realizam o trabalho completo que uma agência faria. 

    O poder das IAs generativas 

    Estima-se que já existam mais de 100 mil ferramentas criadas com IA generativa disponíveis. No entanto, enquanto algumas empresas apenas se adaptam à revolução provocada pela inteligência artificial no mercado, outras apostam na tecnologia para mudar completamente o seu modo de fazer as coisas. Neste segundo grupo estão empresários que já estão entendendo que com a IA generativa vão conseguir transformar suas empresas, gerar mais receitas e aumentar o lucro. 

    Muitos ainda acham que o ChatGPT é sinônimo de inteligência artificial, quando na realidade ele é apenas a pontinha do gigantesco iceberg que já está aparecendo na superfície. Meu convite é para você pensar em quais usos práticos a IA generativa poderia entrar na sua empresa e buscar ajuda de especialistas para adotar a IA generativa de forma eficiente.

  • Como a utilização de IA generativa pode transformar negócios

    Como a utilização de IA generativa pode transformar negócios

    A popularização de soluções baseadas em IA generativa está contribuindo expressivamente para o movimento de adoção dessa tecnologia por empresas que estão enxergando novas oportunidades. Casos de uso se multiplicam no mercado com a aplicabilidade de ferramentas para otimizar processos, reduzir custos, ganhar agilidade e escalar vendas. Abaixo seguem alguns exemplos: 

    Gerar leads para o time comercial 

    Usar IA generativa para coletar dados na web e em sistemas internos, organizá-los, categorizá-los e priorizá-los para que times de vendas possam realizar o seu trabalho com muito mais assertividade e ter, de antemão, as informações mais quentes e precisas para fazer suas apresentações de vendas. 

    Criar apresentações 

    Sentar-se na frente do computador e começar um PPT totalmente do zero já está ficando no passado. Já é possível pedir para uma IA generativa pesquisar dados, estruturar informações e gerar o arquivo para você só dar o seu toque final. Pense na possibilidade de ter uma IA criando apresentações totalmente personalizadas para cada reunião de vendas que você tiver. Isso com certeza vai aumentar suas chances de ganhar novos negócios. 

    Atender clientes 

    Imagine uma IA generativa atendendo seus clientes no WhatsApp, fazendo SAC, explicando seus produtos e serviços, enviando vídeos, coletando opiniões e permitindo que tudo isso seja feito com uma linguagem natural que seus clientes poderão até achar que estão conversando com um humano. Agora vá além e pense que tudo isso pode ser feito 24 horas por dia, o ano todo. E ainda: você poderá pedir para a sua IA resumir tudo o que aconteceu e dar inúmeras dicas de como aprimorar a sua oferta com base no que o público fala. 

    Uma agência de marketing completa 

    Uma agência de marketing totalmente feita por IA generativa é um exemplo de serviço completo que está surgindo em todas as partes do mundo. Eu mesmo criei a minha e é realmente incrível. Primeiro, nesta agência que eu criei, há uma IA fazendo o papel de estrategista, onde ela vasculha o mercado, o que meus concorrentes estão fazendo, define os objetivos de marketing, identifica o público-alvo e estabelece a estratégia geral. Outra IA faz o trabalho criativo, gerando conteúdo adaptado ao público e ao canal (blog posts, e-mails, redes sociais, etc.). E outras IAs, junto a essas duas, realizam o trabalho completo que uma agência faria. 

    O poder das IAs generativas 

    Estima-se que já existam mais de 100 mil ferramentas criadas com IA generativa disponíveis. No entanto, enquanto algumas empresas apenas se adaptam à revolução provocada pela inteligência artificial no mercado, outras apostam na tecnologia para mudar completamente o seu modo de fazer as coisas. Neste segundo grupo estão empresários que já estão entendendo que com a IA generativa vão conseguir transformar suas empresas, gerar mais receitas e aumentar o lucro. 

    Muitos ainda acham que o ChatGPT é sinônimo de inteligência artificial, quando na realidade ele é apenas a pontinha do gigantesco iceberg que já está aparecendo na superfície. Meu convite é para você pensar em quais usos práticos a IA generativa poderia entrar na sua empresa e buscar ajuda de especialistas para adotar a IA generativa de forma eficiente.

  • O impacto do Blockchain no setor financeiro

    O impacto do Blockchain no setor financeiro

    Entre tantas tendências que envolvem a transformação digital, uma tecnologia tem se destacado como um farol de segurança e inovação: o blockchain. Seu surgimento no ano de 2008, não apenas despertou a curiosidade dos especialistas do segmento, mas também conquistou o interesse e a confiança de líderes empresariais em todo o mundo. Mas afinal, qual é o impacto desse mecanismo no setor financeiro? 

    Antes de tudo, é preciso entender o que de fato é essa tecnologia. O blockchain proporciona uma arquitetura descentralizada, eliminando a necessidade de intermediários. Com isso, a ferramenta reduz custos operacionais e minimiza o risco de fraudes e manipulações. Além disso, a sua capacidade de registrar transações de forma imutável e auditável é um dos principais fatores que têm levado instituições financeiras a adotarem essa tecnologia em seus processos.

    Essa tendência se alinha ao crescente foco das empresas em segurança, que se tornou um fator significativo nas decisões estratégicas. Para se ter uma ideia dessa importância, segundo a 1ª etapa da Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2024, realizada pela Deloitte, o blockchain é prioridade estratégica para 56% dos bancos brasileiros, reforçando a relevância dessa tecnologia no cenário financeiro.

    Pensando nisso, um dos exemplos mais notáveis de aplicação no setor financeiro é a transformação das operações de pagamentos e transferências internacionais. Normalmente, esses processos eram caros e demorados, exigindo a intervenção de várias corporações. Com esse sistema, as transferências podem ser realizadas quase instantaneamente e com custos reduzidos, permitindo que instituições financeiras ofereçam serviços mais competitivos e ágeis.

    Além dos pagamentos, o recurso está revolucionando o registro e a negociação de ativos financeiros. O ajuste de ações, títulos e outros ativos em plataformas baseadas em blockchain é mais rápido, seguro e econômico, eliminando intermediários e reduzindo o risco de fraude. Outro exemplo é o uso de contratos inteligentes para automatizar e assegurar acordos financeiros, oferecendo uma camada adicional de segurança e eficiência.

    Identidades digitais seguras formam outra área em que esse recurso está fazendo a diferença. A fraude de identidade é uma das maiores preocupações do setor financeiro e pensando nisso, a ferramenta oferece uma solução robusta, criando registros imutáveis e verificáveis. 

    O segredo está na criptografia, uma tecnologia que converte informações em códigos difíceis de decifrar. Cada bloco de dados funciona como um cofre digital, blindado por uma camada de criptografia que é extremamente difícil de quebrar. Isso não só assegura que os dados permaneçam confidenciais e intactos, mas também proporciona um método claro e permanente para registrar transações.

    Para se ter uma ideia desse impacto, um levantamento feito pelo Blockdata, mostrou que 44 das 100 maiores companhias do mundo com capital aberto utilizam soluções tecnológicas em processos internos, produtos e serviços. Dessas, 22 já pesquisam como integrar o blockchain em suas rotinas ou processos. Além disso, de acordo com uma pesquisa feita pela Deloitte, cerca de 70% das empresas entendem que o mecanismo pode trazer benefícios significativos nas operações. 

    Apesar dos benefícios, existem desafios na adoção do mecanismo no setor financeiro. Um dos principais obstáculos é a regulamentação. A tecnologia desafia as estruturas regulatórias tradicionais, que estão acostumadas a lidar com intermediários centralizados.  Pensando nisso, reguladores em todo o mundo estão trabalhando para criar diretrizes que permitam o uso seguro da solução tecnológica, sem comprometer a integridade do sistema financeiro. 

    Mesmo com desafios, o futuro no setor financeiro parece promissor. Com tendências surgindo a todo instante, a ferramenta tem um enorme potencial para causar um impacto profundo na sociedade. Além de reduzir custos, a tecnologia pode aumentar a inclusão financeira ao proporcionar serviços de banco para milhões de pessoas. 

    Conforme os desafios regulatórios forem superados e a tecnologia se tornar mais acessível, podemos esperar mudanças significativas na forma como o setor financeiro opera, trazendo benefícios como maior transparência e uma maior democratização dos serviços na área.

  • O impacto do Blockchain no setor financeiro

    O impacto do Blockchain no setor financeiro

    Entre tantas tendências que envolvem a transformação digital, uma tecnologia tem se destacado como um farol de segurança e inovação: o blockchain. Seu surgimento no ano de 2008, não apenas despertou a curiosidade dos especialistas do segmento, mas também conquistou o interesse e a confiança de líderes empresariais em todo o mundo. Mas afinal, qual é o impacto desse mecanismo no setor financeiro? 

    Antes de tudo, é preciso entender o que de fato é essa tecnologia. O blockchain proporciona uma arquitetura descentralizada, eliminando a necessidade de intermediários. Com isso, a ferramenta reduz custos operacionais e minimiza o risco de fraudes e manipulações. Além disso, a sua capacidade de registrar transações de forma imutável e auditável é um dos principais fatores que têm levado instituições financeiras a adotarem essa tecnologia em seus processos.

    Essa tendência se alinha ao crescente foco das empresas em segurança, que se tornou um fator significativo nas decisões estratégicas. Para se ter uma ideia dessa importância, segundo a 1ª etapa da Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2024, realizada pela Deloitte, o blockchain é prioridade estratégica para 56% dos bancos brasileiros, reforçando a relevância dessa tecnologia no cenário financeiro.

    Pensando nisso, um dos exemplos mais notáveis de aplicação no setor financeiro é a transformação das operações de pagamentos e transferências internacionais. Normalmente, esses processos eram caros e demorados, exigindo a intervenção de várias corporações. Com esse sistema, as transferências podem ser realizadas quase instantaneamente e com custos reduzidos, permitindo que instituições financeiras ofereçam serviços mais competitivos e ágeis.

    Além dos pagamentos, o recurso está revolucionando o registro e a negociação de ativos financeiros. O ajuste de ações, títulos e outros ativos em plataformas baseadas em blockchain é mais rápido, seguro e econômico, eliminando intermediários e reduzindo o risco de fraude. Outro exemplo é o uso de contratos inteligentes para automatizar e assegurar acordos financeiros, oferecendo uma camada adicional de segurança e eficiência.

    Identidades digitais seguras formam outra área em que esse recurso está fazendo a diferença. A fraude de identidade é uma das maiores preocupações do setor financeiro e pensando nisso, a ferramenta oferece uma solução robusta, criando registros imutáveis e verificáveis. 

    O segredo está na criptografia, uma tecnologia que converte informações em códigos difíceis de decifrar. Cada bloco de dados funciona como um cofre digital, blindado por uma camada de criptografia que é extremamente difícil de quebrar. Isso não só assegura que os dados permaneçam confidenciais e intactos, mas também proporciona um método claro e permanente para registrar transações.

    Para se ter uma ideia desse impacto, um levantamento feito pelo Blockdata, mostrou que 44 das 100 maiores companhias do mundo com capital aberto utilizam soluções tecnológicas em processos internos, produtos e serviços. Dessas, 22 já pesquisam como integrar o blockchain em suas rotinas ou processos. Além disso, de acordo com uma pesquisa feita pela Deloitte, cerca de 70% das empresas entendem que o mecanismo pode trazer benefícios significativos nas operações. 

    Apesar dos benefícios, existem desafios na adoção do mecanismo no setor financeiro. Um dos principais obstáculos é a regulamentação. A tecnologia desafia as estruturas regulatórias tradicionais, que estão acostumadas a lidar com intermediários centralizados.  Pensando nisso, reguladores em todo o mundo estão trabalhando para criar diretrizes que permitam o uso seguro da solução tecnológica, sem comprometer a integridade do sistema financeiro. 

    Mesmo com desafios, o futuro no setor financeiro parece promissor. Com tendências surgindo a todo instante, a ferramenta tem um enorme potencial para causar um impacto profundo na sociedade. Além de reduzir custos, a tecnologia pode aumentar a inclusão financeira ao proporcionar serviços de banco para milhões de pessoas. 

    Conforme os desafios regulatórios forem superados e a tecnologia se tornar mais acessível, podemos esperar mudanças significativas na forma como o setor financeiro opera, trazendo benefícios como maior transparência e uma maior democratização dos serviços na área.

  • Mobilidade do Futuro – Para Um Amanhã Mais Verde

    Mobilidade do Futuro – Para Um Amanhã Mais Verde

    O Brasil se prepara para implementar uma série de estratégias sustentáveis e inovadoras que prometem transformar o cenário da mobilidade no País e revolucionar o transporte brasileiro até 2030. Esse é o prazo dado pela ONU, na Agenda 2030, para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que visam erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir prosperidade para todas as pessoas.

    No Brasil, o Mover 2030 (Mobilidade Verde e Inovação) é um programa do Governo Federal, desenvolvido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), que estabelece diretrizes para a indústria automotiva que incentivam o desenvolvimento tecnológico, a competitividade e a sustentabilidade ambiental.  Entre as iniciativas, o programa promove o aumento de investimentos em eficiência energética, com limites mínimos de reciclagem na fabricação de automóveis e diminuição de impostos para empresas menos poluentes.

    Uma das principais metas do programa é a incorporação de tecnologias avançadas, que incentivem uma mobilidade mais limpa e eficiente, nos automóveis brasileiros. Entre as inovações esperadas, destacam-se os veículos autônomos, que utilizam sistemas de inteligência artificial e sensores avançados para navegar e operar sem intervenção humana, e a eletromobilidadeque prevê que até 2030 entre 10% e 30% dos novos veículos vendidos sejam elétricos ou híbridos. Para isso, são esperados a expansão da infraestrutura de recarga e incentivos governamentais para fomentar a adoção desses veículos. Além disso, a integração de tecnologias de Internet das Coisas (IoT) permitirá uma gestão mais eficiente das frotas, otimizando rotas e reduzindo o consumo de combustível.

    Para pensar o futuro da mobilidade, no entanto, é essencial entender a diferença entre tendências e ondas, pois cada uma dessas categorias representa diferentes níveis de impacto e longevidade no cenário da mobilidade.

    As tendências são mudanças de longo prazo que apontam para uma direção clara e contínua, como a crescente adoção de veículos elétricos e híbridos que acontece no Brasil, sustentada pela conscientização ambiental crescente, por avanços tecnológicos e por políticas governamentais de incentivo à redução das emissões de carbono. Já as ondas são mudanças que ganham força rapidamente e nos mostram oportunidades emergentes com potencial de transformar o mercado, sem apresentar grande durabilidade. Um exemplo é o aumento do uso de aplicativos de transporte compartilhado, que alteraram radicalmente a maneira como pensamos a mobilidade urbana e a forma como nos deslocamos na cidade.

    É importante pensarmos que o futuro da mobilidade vai além dos veículos elétricos e modais menos poluentes. Ele passa por uma visão estratégica que abrange escolhas conscientes visando um progresso sustentável e perene dos negócios. Por isso, a transformação digital não é só uma tendência, mas uma necessidade para enfrentar os desafios da mobilidade moderna. Na visão de longo prazo, também contamos com o uso de tecnologias avançadas, junto à inteligência de dados, para reduzir as emissões globais de carbono, uma vez que sabemos que 20% do CO2eq (dióxido de carbono equivalente) emitido na atmosfera é proveniente do transporte.

    O futuro da mobilidade não é uma especulação distante, mas sim uma jornada que já começou. E a transição para veículos elétricos e híbridos, a digitalização e automação dos processos de gestão de frotas, além da adoção de tecnologias sustentáveis, são apenas algumas das mudanças que estão redefinindo a forma como nos movemos. O futuro da mobilidade passa também por mudanças de mentalidade. Esse é o caso do Move for Good, programa de sustentabilidade da Edenred, que completou dois anos e está em linha com o compromisso do Grupo de reduzir suas emissões e alcançar o carbono net zero (equilíbrio entre a quantidade de gases de efeito estufa emitida e a quantidade removida da atmosfera, chegando o mais próximo possível ao zero) até 2050. O programa consiste em três pilares: Mensurar & Reduzir, que visa impulsionar a gestão das emissões e a adoção de melhores práticas para descarbonização de frotas; Compensar & Preservar, que tem como objetivo compensar as emissões de gases de efeito estufa que não puderam ser reduzidas ou evitadas por meio de projetos certificados e apoiar a preservação da biodiversidade; e Conscientizar, que incentiva uma cultura que promova a mobilidade sustentável impulsionando a transformação do comportamento.

    Com a Agenda 2030 da ONU e o programa Mover 2030 no Brasil estabelecendo diretrizes e incentivos para um futuro mais verde, as empresas têm expectativas claras sobre os próximos anos da mobilidade, promovendo a redução de custos e emissões de CO2e (dióxido de carbono equivalente), além de facilitar a gestão de frotas, para transformar o futuro da mobilidade no Brasil em uma realidade concreta, que incentiva práticas sustentáveis benéficas tanto às empresas, às pessoas, e ao meio ambiente. 

  • Open Finance e PIX: Divergências na aceitação pelo mercado brasileiro

    Open Finance e PIX: Divergências na aceitação pelo mercado brasileiro

    O otimismo em relação ao Open Finance tem crescido entre seus entusiastas. Segundo o Relatório Anual do Open Finance, o número de consentimentos ativos alcançou 42 milhões, representando um aumento de 97% em relação ao ano anterior. Desses, 27,7 milhões são consentimentos únicos de pessoas físicas ou empresas. O sistema registrou 1,4 bilhão de chamadas para troca de informações e oferece uma variedade de produtos e serviços.

    Para alguns é um cenário promissor e há os que acreditam que ele não terá tantos avanços. 

    No Brasil, cerca de 15% dos usuários de serviços bancários já compartilham seus dados por meio do Open Finance, enquanto no Reino Unido esse índice é de 13%. O modelo brasileiro, inspirado pelo sucesso do Open Banking britânico, agora se destaca como o maior do mundo.

    Mas tem um ponto que precisamos refletir aqui, consentimento é só o primeiro passo e não necessariamente significa que o sistema realmente esteja sendo adotado pela população. A adoção de um novo produto digital requer boas experiências, facilidade no uso e principalmente entendimento sobre os benefícios sobre o open finance. 

    Existem significativos investimentos no sistema. Segundo a pesquisa de Tecnologia Bancária divulgada na Febraban Tech deste ano, os investimentos realizados pelas instituições financeiras podem totalizar R$ 700 milhões até o final de 2024. Esse aporte está diretamente ligado à ampliação da oferta de produtos e serviços aos clientes, por meio do uso eficiente e seguro dos dados compartilhados.

    A evolução e os investimentos comprovados por dados não surpreendem aqueles que acompanham a digitalização crescente do setor financeiro no Brasil. A população brasileira é reconhecida por sua abertura às novas tecnologias no setor bancário, como demonstrado pelo sucesso do PIX, lançado em 2020, que se tornou o meio de pagamento mais popular do país em 2023, com quase 42 bilhões de transações, segundo a Febraban.

    Porém, apesar do reconhecido avanço do Open Finance em direção à adoção em massa, persiste uma percepção de lentidão na adesão e nos benefícios prometidos por este sistema. Uma das razões para essa sensação pode ser a comparação com o PIX, cujo crescimento exponencial foi facilitado pela simplicidade de uso, não exigindo grandes conhecimentos financeiros por parte de seus usuários para adesão, ao contrário do que ocorre com o Open Finance.

    Um estudo conduzido pelo Instituto Locomotiva em parceria com a Xpeed, divisão de educação financeira da XP, revela que 90% dos entrevistados reconhecem a necessidade de educação financeira. Isso indica que muitos podem não possuir o conhecimento necessário para compreender plenamente os benefícios do compartilhamento de dados financeiros, funcionalidade proposta pelo Open Finance.

    Além disso, devido à natureza sensível dos dados dos consumidores e à necessidade de uma infraestrutura tecnológica robusta capaz de integrar sistemas complexos e garantir segurança de dados entre instituições financeiras, especialistas avaliam que, embora já esteja operacional em algumas áreas, o sistema ainda está em fase de validação. 

    Grandes instituições como Santander, Banco do Brasil, XP Investimentos, entre outras, já implementaram ou estão testando versões do PFM (Personal Finance Management, ou Gestor de Finanças Pessoais), que centraliza múltiplas contas em um único canal para auxiliar os consumidores na administração de seus recursos.

    Mesmo com esses desafios, o Open Finance no Brasil está demonstrando uma adesão gradual de usuários, impulsionado por significativos investimentos das instituições financeiras.

    Embora ainda haja desafios a superar, como a necessidade contínua de educação financeira e a validação completa do sistema em diversas áreas, o país está consolidando sua posição como líder global nesse novo modelo. Com iniciativas como o PIX pavimentando o caminho para uma maior digitalização no setor, o futuro do Open Finance no Brasil parece alinhado com as necessidades e expectativas dos consumidores modernos.

    O caminho para a completa implementação do Open Finance e para a revolução no sistema financeiro é longo. A contínua evolução regulatória, a ampliação do compartilhamento de dados e a crescente aceitação pelo público são passos cruciais nessa jornada. 

    Um outro grande desafio do aumento de adesão ao Openfinance é  sem dúvida o fato de ter as informações descentralizadas (produtos de crédito, empréstimos, cartões, entre outros) e a interface com múltiplos bancos e empresas de crédito,  aumentam a necessidade de disciplina e controle do lado da população. 

    Uma questão muito importante que também não podemos deixar de mencionar são as jornadas de produtos digitais cada vez melhores com entregas de melhores experiências das instituições financeiras para seus clientes, aumentando a satisfação e por consequência a fidelização de seus clientes, resultando cada vez mais clientes mais satisfeitos e talvez menos abertos a aderirem ao openfinance, que acaba potencializado a competitividade do setor. 

     De todo modo, o setor financeiro no Brasil tem avançado, seja com o Pix, com o open finance e muito em breve com o DREX. É um novo caminho, que exigirá novas formas de pensar e de construir produtos digitais melhores e que atendam a dor de cada cliente, deixando cada vez mais o cliente no centro da estratégia e trazendo uma competitividade saudável no país.

  • 3 tendências que prometem guiar o “futuro” do trabalho

    3 tendências que prometem guiar o “futuro” do trabalho

    O mundo está em constante transformação e o mercado de trabalho não foge à regra. À medida que avançamos para o “futuro” (já bastante presente), surgem novas tecnologias, mudanças nas demandas da sociedade e evoluções nos modelos de negócios -transformações essas que estão moldando o panorama atual e por vir da geração de empregos no país. Diante desse cenário, é essencial refletir sobre como podemos nos preparar para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades trazidas pelas crescentes possibilidades que a revolução digital e social nos proporciona.

    Para se ter uma ideia mais concreta, em todo o planeta até um quarto dos empregos deve se transformar radicalmente em menos de cinco anos, na escala dos milhões de trabalhadores afetados. Essa é a principal conclusão do mais recente relatório sobre o Futuro do Trabalho, elaborado anualmente pelo Fórum Econômico Mundial, que levou em consideração as projeções e estimativas de cerca de 800 empresas pesquisadas (atuantes em 27 setores) ao redor do globo.

    Portanto, as novidades tecnológicas e a 4ª revolução industrial vão ao mesmo tempo criar e extinguir milhões de vagas, ditando o rumo para o surgimento de novas tendências e pavimentando a importância da atualização profissional recorrente e cada vez mais intensiva.

    IA impulsiona novos postos de trabalho

    Até 2027, a adoção da tecnologia será um fator-chave na transformação dos negócios. Segundo a pesquisa, big data está no topo da lista de recursos que devem criar empregos, com 65% dos entrevistados esperando crescimento em funções relacionadas. Além disso, cargos de analistas e cientistas de dados, especialistas em big data, aprendizado de máquina e IA, além de profissionais de segurança cibernética, devem crescer em média 30%.

    O comércio digital levará aos maiores ganhos absolutos em empregos: são esperadas aproximadamente 2 milhões de novas funções, como especialistas em comércio eletrônico, transformação digital e marketing e estratégia on-line.

    Por outro lado, segundo o relatório, os principais postos de trabalho que devem desaparecer são: caixas de banco e funcionários relacionados, funcionários dos Correios, caixas e cobradores, escriturários de entrada de dados, secretários administrativos e executivos, entre outros. Eu não acredito que esses cargos deixarão de existir completamente, como os ascensoristas dos elevadores que eram presença obrigatória na primeira metade do século XX e depois viraram artigo de luxo – mas sim, que são profissões que precisarão ter uma razão muito pragmática para perdurar, diferente de como são realizadas estas atividades atualmente.

    Aumento de empregos verdes, educacionais e agrícolas

    O investimento na transição verde e na mitigação das mudanças climáticas, bem como a crescente conscientização dos consumidores sobre as questões de sustentabilidade, também estão norteando a transformação do mercado de trabalho. À medida que os países buscam mais fontes de energia renovável, engenheiros de sistemas e instalação na área estarão em alta. O investimento também impulsionará o crescimento em funções mais generalistas, como especialistas em sustentabilidade e profissionais de proteção ambiental, que devem crescer 33% e 34%, respectivamente, refletindo em aproximadamente 1 milhão de empregos.

    Entretanto, os maiores ganhos absolutos virão da educação e da agricultura. O relatório conclui que as vagas na área devem crescer cerca de 10%, resultando em 3 milhões de cargos adicionais para professores. Já empregos voltados a profissionais no ramo agrícola, especialmente operadores de equipamentos, niveladores e separadores, podem aumentar entre 15% e 30%, culminando em mais de 4 milhões de postos de trabalho.

    As profundas alterações climáticas que vêm nos surpreendendo com sua abrangência, intensidade e frequência nos últimos meses (escrevo esse artigo em semana na qual grande parte do Brasil registra os piores índices históricos de qualidade do ar, graças às queimadas em todo o país e seca extrema fora de época) deverão ser um alavancador para essas profissões e atividades.

    Requalificação profissional

    Em contrapartida ao surgimento de muitas oportunidades destacadas, as empresas entrevistadas na pesquisa do Fórum Econômico Mundial alertam para lacunas expressivas entre as habilidades atuais dos trabalhadores e as necessidades futuras dos negócios. Seis em cada dez colaboradores precisarão de requalificação antes de 2027. Algumas das principais competências buscadas são a capacitação dos colaboradores para utilizar IA e big data, o pensamento analítico e também competências para desenvolver o pensamento criativo.

    Portanto, investir em educação contínua para desenvolver essas (e outras) habilidades é crucial para garantir a empregabilidade no presente/futuro. Isto é, o conceito de lifelong learning, que significa aprendizado ao longo da vida, nunca esteve tão em alta como agora.

    Em última análise, o futuro do mercado de trabalho será caracterizado por mudanças rápidas e disruptivas, mas também por oportunidades sem precedentes para aqueles que estiverem dispostos a se adaptar e aprender constantemente. Ao abraçar a transformação e cultivar competências relevantes para a economia do futuro, podemos construir um mundo mais dinâmico, inclusivo e sustentável para as gerações vindouras. E, possivelmente, mais satisfatório no exercício cotidiano das habilidades profissionais.

  • 3 tendências que prometem guiar o “futuro” do trabalho

    3 tendências que prometem guiar o “futuro” do trabalho

    O mundo está em constante transformação e o mercado de trabalho não foge à regra. À medida que avançamos para o “futuro” (já bastante presente), surgem novas tecnologias, mudanças nas demandas da sociedade e evoluções nos modelos de negócios -transformações essas que estão moldando o panorama atual e por vir da geração de empregos no país. Diante desse cenário, é essencial refletir sobre como podemos nos preparar para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades trazidas pelas crescentes possibilidades que a revolução digital e social nos proporciona.

    Para se ter uma ideia mais concreta, em todo o planeta até um quarto dos empregos deve se transformar radicalmente em menos de cinco anos, na escala dos milhões de trabalhadores afetados. Essa é a principal conclusão do mais recente relatório sobre o Futuro do Trabalho, elaborado anualmente pelo Fórum Econômico Mundial, que levou em consideração as projeções e estimativas de cerca de 800 empresas pesquisadas (atuantes em 27 setores) ao redor do globo.

    Portanto, as novidades tecnológicas e a 4ª revolução industrial vão ao mesmo tempo criar e extinguir milhões de vagas, ditando o rumo para o surgimento de novas tendências e pavimentando a importância da atualização profissional recorrente e cada vez mais intensiva.

    IA impulsiona novos postos de trabalho

    Até 2027, a adoção da tecnologia será um fator-chave na transformação dos negócios. Segundo a pesquisa, big data está no topo da lista de recursos que devem criar empregos, com 65% dos entrevistados esperando crescimento em funções relacionadas. Além disso, cargos de analistas e cientistas de dados, especialistas em big data, aprendizado de máquina e IA, além de profissionais de segurança cibernética, devem crescer em média 30%.

    O comércio digital levará aos maiores ganhos absolutos em empregos: são esperadas aproximadamente 2 milhões de novas funções, como especialistas em comércio eletrônico, transformação digital e marketing e estratégia on-line.

    Por outro lado, segundo o relatório, os principais postos de trabalho que devem desaparecer são: caixas de banco e funcionários relacionados, funcionários dos Correios, caixas e cobradores, escriturários de entrada de dados, secretários administrativos e executivos, entre outros. Eu não acredito que esses cargos deixarão de existir completamente, como os ascensoristas dos elevadores que eram presença obrigatória na primeira metade do século XX e depois viraram artigo de luxo – mas sim, que são profissões que precisarão ter uma razão muito pragmática para perdurar, diferente de como são realizadas estas atividades atualmente.

    Aumento de empregos verdes, educacionais e agrícolas

    O investimento na transição verde e na mitigação das mudanças climáticas, bem como a crescente conscientização dos consumidores sobre as questões de sustentabilidade, também estão norteando a transformação do mercado de trabalho. À medida que os países buscam mais fontes de energia renovável, engenheiros de sistemas e instalação na área estarão em alta. O investimento também impulsionará o crescimento em funções mais generalistas, como especialistas em sustentabilidade e profissionais de proteção ambiental, que devem crescer 33% e 34%, respectivamente, refletindo em aproximadamente 1 milhão de empregos.

    Entretanto, os maiores ganhos absolutos virão da educação e da agricultura. O relatório conclui que as vagas na área devem crescer cerca de 10%, resultando em 3 milhões de cargos adicionais para professores. Já empregos voltados a profissionais no ramo agrícola, especialmente operadores de equipamentos, niveladores e separadores, podem aumentar entre 15% e 30%, culminando em mais de 4 milhões de postos de trabalho.

    As profundas alterações climáticas que vêm nos surpreendendo com sua abrangência, intensidade e frequência nos últimos meses (escrevo esse artigo em semana na qual grande parte do Brasil registra os piores índices históricos de qualidade do ar, graças às queimadas em todo o país e seca extrema fora de época) deverão ser um alavancador para essas profissões e atividades.

    Requalificação profissional

    Em contrapartida ao surgimento de muitas oportunidades destacadas, as empresas entrevistadas na pesquisa do Fórum Econômico Mundial alertam para lacunas expressivas entre as habilidades atuais dos trabalhadores e as necessidades futuras dos negócios. Seis em cada dez colaboradores precisarão de requalificação antes de 2027. Algumas das principais competências buscadas são a capacitação dos colaboradores para utilizar IA e big data, o pensamento analítico e também competências para desenvolver o pensamento criativo.

    Portanto, investir em educação contínua para desenvolver essas (e outras) habilidades é crucial para garantir a empregabilidade no presente/futuro. Isto é, o conceito de lifelong learning, que significa aprendizado ao longo da vida, nunca esteve tão em alta como agora.

    Em última análise, o futuro do mercado de trabalho será caracterizado por mudanças rápidas e disruptivas, mas também por oportunidades sem precedentes para aqueles que estiverem dispostos a se adaptar e aprender constantemente. Ao abraçar a transformação e cultivar competências relevantes para a economia do futuro, podemos construir um mundo mais dinâmico, inclusivo e sustentável para as gerações vindouras. E, possivelmente, mais satisfatório no exercício cotidiano das habilidades profissionais.