Como um grande polo de tecnologia na região, o Oriente Médio continua fortalecendo o setor de tecnologia – mesmo com as temperaturas baixando até os 4 graus Celsius. O Web Summit Qatar, que aconteceu entre 23 e 26 de fevereiro. A versão local desse importante evento de inovação e startups trouxe número recorde, com 25 mil participantes de todos os cantos do mundo, sendo um testemunho do esforço local de promover o empreendedorismo tech e trazer, claro, pessoas, investimentos e diversificação econômica para a região.
A agenda de conteúdo não diferiu das outras edições do Web Summit, o foco nos desafios das startups, interesses dos investidores, inteligência artificial, blockchain, SaaS e B2B continuaram sendo pauta. A ênfase, claro, mudou: em IA, por exemplo, as discussões foram voltadas para capacidades locais e IA soberana. Os temas de impacto na parte de conteúdo, no entanto, ficaram a desejar, como o meetup de investidores de impacto que contou apenas com três participantes: além de mim, um venture builder canadense, e uma investidora suíça.
Entre as startups expositoras no Web Summit Qatar, destacaram-se uma empresa local, que apresentou uma solução escalável para captura de CO₂ usando sistemas fotobiorreatores que cultivam algas, reduzindo significativamente as emissões industriais enquanto melhora a qualidade do ar e uma startup da Bósnia que criou uma tecnologia inovadora para reciclagem de resíduos químicos CO₂ zero emissões, transformando resíduos perigosos em materiais químicos reutilizáveis de alta pureza, atendendo a indústrias como farmacêuticas e eletrônicas.
Um fato interessante é de que a maioria das startups selecionadas para a semifinal da competição de pitch do evento eram de impacto: uma startup que desenvolveu uma inteligência de temperatura apoiada por IA para fornecer mapas de hiper locais e análises inteligentes de dados de calor urbano, oferecendo uma solução poderosa para planejamento urbano e gestão ambiental; uma fintech/edtech que tem por missão promover o letramento financeiro entre crianças e adolescentes por meio de experiências, jogos, e soluções de pagamentos utilizando pulseiras NFC; e outra empresa que desenvolveu aditivos nanotecnológicos antimicrobianos para “embalagens ativas” que estendem a vida útil e reduzem a necessidade de conservantes e antibióticos nos produtos – esta, por sinal, foi a solução ganhadora da competição.
Com essa competição, a banca avaliadora, composta por investidores de alto calibre de várias partes do mundo, deixou uma mensagem clara: queremos startups de impacto. Em particular, para as startups que conseguiram demonstrar serem capazes de combinar impacto, inovação, alta tecnologia e escalabilidade, então, não faltou, em Doha, interesse em discutir investimentos, parcerias, contratos e provas de conceito.
O próprio governo do Qatar e as empresas locais estavam excepcionalmente abertos para falar de negócios; se, no Brasil, os tomadores de decisão nos stands das grandes empresas em feiras de negócios são escoltados e conseguir um espacinho na sua agenda é tarefa hercúlea, lá havia uma abertura impressionante para sentar-se com executivos C-level. Mesmo fora dos eventos de descontração e networking, não faltou calor humano para os estrangeiros com bons negócios.
Assim, o Web Summit Qatar 2025 serviu, sim, como locuspara investidores – inclusive os de impacto – identificarem oportunidades em startups promissoras, e foi, sem dúvida, um espaço privilegiado para startups e founders com negócios escaláveis e inovadores buscarem parceiros.
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Com destaque para tecnologia e meio ambiente, investimento de impacto ganha destaque no Web Summit Qatar
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Com destaque para tecnologia e meio ambiente, investimento de impacto ganha destaque no Web Summit Qatar
Como um grande polo de tecnologia na região, o Oriente Médio continua fortalecendo o setor de tecnologia – mesmo com as temperaturas baixando até os 4 graus Celsius. O Web Summit Qatar, que aconteceu entre 23 e 26 de fevereiro. A versão local desse importante evento de inovação e startups trouxe número recorde, com 25 mil participantes de todos os cantos do mundo, sendo um testemunho do esforço local de promover o empreendedorismo tech e trazer, claro, pessoas, investimentos e diversificação econômica para a região.
A agenda de conteúdo não diferiu das outras edições do Web Summit, o foco nos desafios das startups, interesses dos investidores, inteligência artificial, blockchain, SaaS e B2B continuaram sendo pauta. A ênfase, claro, mudou: em IA, por exemplo, as discussões foram voltadas para capacidades locais e IA soberana. Os temas de impacto na parte de conteúdo, no entanto, ficaram a desejar, como o meetup de investidores de impacto que contou apenas com três participantes: além de mim, um venture builder canadense, e uma investidora suíça.
Entre as startups expositoras no Web Summit Qatar, destacaram-se uma empresa local, que apresentou uma solução escalável para captura de CO₂ usando sistemas fotobiorreatores que cultivam algas, reduzindo significativamente as emissões industriais enquanto melhora a qualidade do ar e uma startup da Bósnia que criou uma tecnologia inovadora para reciclagem de resíduos químicos CO₂ zero emissões, transformando resíduos perigosos em materiais químicos reutilizáveis de alta pureza, atendendo a indústrias como farmacêuticas e eletrônicas.
Um fato interessante é de que a maioria das startups selecionadas para a semifinal da competição de pitch do evento eram de impacto: uma startup que desenvolveu uma inteligência de temperatura apoiada por IA para fornecer mapas de hiper locais e análises inteligentes de dados de calor urbano, oferecendo uma solução poderosa para planejamento urbano e gestão ambiental; uma fintech/edtech que tem por missão promover o letramento financeiro entre crianças e adolescentes por meio de experiências, jogos, e soluções de pagamentos utilizando pulseiras NFC; e outra empresa que desenvolveu aditivos nanotecnológicos antimicrobianos para “embalagens ativas” que estendem a vida útil e reduzem a necessidade de conservantes e antibióticos nos produtos – esta, por sinal, foi a solução ganhadora da competição.
Com essa competição, a banca avaliadora, composta por investidores de alto calibre de várias partes do mundo, deixou uma mensagem clara: queremos startups de impacto. Em particular, para as startups que conseguiram demonstrar serem capazes de combinar impacto, inovação, alta tecnologia e escalabilidade, então, não faltou, em Doha, interesse em discutir investimentos, parcerias, contratos e provas de conceito.
O próprio governo do Qatar e as empresas locais estavam excepcionalmente abertos para falar de negócios; se, no Brasil, os tomadores de decisão nos stands das grandes empresas em feiras de negócios são escoltados e conseguir um espacinho na sua agenda é tarefa hercúlea, lá havia uma abertura impressionante para sentar-se com executivos C-level. Mesmo fora dos eventos de descontração e networking, não faltou calor humano para os estrangeiros com bons negócios.
Assim, o Web Summit Qatar 2025 serviu, sim, como locuspara investidores – inclusive os de impacto – identificarem oportunidades em startups promissoras, e foi, sem dúvida, um espaço privilegiado para startups e founders com negócios escaláveis e inovadores buscarem parceiros. -
Entenda as razões para apostar no mercado de varejo mobile em 2025
O varejo mobile tem se consolidado como um dos segmentos mais promissores do comércio digital. Com consumidores cada vez mais conectados, o uso de aplicativos para compras cresceu exponencialmente nos últimos anos, tornando-se um canal essencial para varejistas que desejam expandir sua presença e competitividade.
Segundo o relatório State of Mobile 2025, da Sensor Tower, o segmento continua evoluindo, impulsionado por mudanças no comportamento do consumidor, avanço da inteligência artificial (IA) e globalização do e-commerce. Considerando o cenário, investir nesse tipo de negócio não é apenas opção, mas uma necessidade para empresas que buscam inovar e crescer.
Crescimento contínuo do mobile commerce
Em 2024, os consumidores gastaram cerca de US$ 150 bilhões em aplicativos, aumento de 12,5% em relação ao ano anterior. Além disso, o tempo médio diário por usuário subiu para 3,5 horas, e o total de horas gastas em aplicativos ultrapassou 4,2 trilhões, aumento de 5,8%. Os dados indicam que as pessoas não apenas passaram mais tempo em dispositivos móveis, como aumentaram os gastos em plataformas digitais.
Outro fator relevante é a expansão global de marketplaces focados nos dispositivos móveis. Empresas como Temu e Shein demonstram como é possível escalar um negócio globalmente a partir da estratégia digital bem estruturada. No entanto, o sucesso desses modelos exige uma experiência de usuário aprimorada e integração eficiente entre os canais físicos e digitais.
Inteligência artificial como diferencial competitivo
O relatório da Sensor Tower aponta ainda que os aplicativos de IA generativa atingiram US$ 1,3 bilhão em receita global, crescimento significativo em comparação aos US$ 455 milhões em 2023. O número total de downloads de apps de IA disparou, chegando a 1,5 bilhão em 2024. No varejo, a IA permite personalização avançada, recomendações de produtos mais assertivas e experiências interativas que aumentam o engajamento do consumidor. A tecnologia também melhora a eficiência operacional, otimizando a logística e a gestão de estoques com base em dados preditivos.
Brasil: mercado promissor
O Brasil é destaque entre os mercados emergentes mais promissores, atraindo o interesse de grandes marcas internacionais. Apesar da forte concorrência, ainda há muitas oportunidades para empresas que compreendem as particularidades do consumidor brasileiro e conseguem adaptar suas estratégias para atender tanto às compras online quanto ao varejo físico. A integração entre canais – físico, web e dispositivos móveis – já não é mais um diferencial, mas necessidade estratégica. Companhias que conseguem unir essas experiências e oferecer serviços adicionais com os apps, como atendimento personalizado, programas de fidelidade e conteúdos exclusivos, saem na frente.
O varejo digital focado em dispositivos móveis representa uma grande oportunidade para empresas que desejam inovar e expandir em 2025. O crescimento no tempo de uso dos aplicativos, o avanço da IA e a ampliação dos marketplaces globais são fatores determinantes para a evolução do setor. No Brasil, a crescente demanda e a transformação digital do comércio tornam o cenário ainda mais propício para investimentos. Para varejistas que ainda não consolidaram a presença nesse ambiente, o momento de agir é agora. Adaptar-se a essa realidade não é apenas uma tendência, mas um requisito essencial para manter a competitividade.
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Entenda as razões para apostar no mercado de varejo mobile em 2025
O varejo mobile tem se consolidado como um dos segmentos mais promissores do comércio digital. Com consumidores cada vez mais conectados, o uso de aplicativos para compras cresceu exponencialmente nos últimos anos, tornando-se um canal essencial para varejistas que desejam expandir sua presença e competitividade.
Segundo o relatório State of Mobile 2025, da Sensor Tower, o segmento continua evoluindo, impulsionado por mudanças no comportamento do consumidor, avanço da inteligência artificial (IA) e globalização do e-commerce. Considerando o cenário, investir nesse tipo de negócio não é apenas opção, mas uma necessidade para empresas que buscam inovar e crescer.
Crescimento contínuo do mobile commerce
Em 2024, os consumidores gastaram cerca de US$ 150 bilhões em aplicativos, aumento de 12,5% em relação ao ano anterior. Além disso, o tempo médio diário por usuário subiu para 3,5 horas, e o total de horas gastas em aplicativos ultrapassou 4,2 trilhões, aumento de 5,8%. Os dados indicam que as pessoas não apenas passaram mais tempo em dispositivos móveis, como aumentaram os gastos em plataformas digitais.
Outro fator relevante é a expansão global de marketplaces focados nos dispositivos móveis. Empresas como Temu e Shein demonstram como é possível escalar um negócio globalmente a partir da estratégia digital bem estruturada. No entanto, o sucesso desses modelos exige uma experiência de usuário aprimorada e integração eficiente entre os canais físicos e digitais.
Inteligência artificial como diferencial competitivo
O relatório da Sensor Tower aponta ainda que os aplicativos de IA generativa atingiram US$ 1,3 bilhão em receita global, crescimento significativo em comparação aos US$ 455 milhões em 2023. O número total de downloads de apps de IA disparou, chegando a 1,5 bilhão em 2024. No varejo, a IA permite personalização avançada, recomendações de produtos mais assertivas e experiências interativas que aumentam o engajamento do consumidor. A tecnologia também melhora a eficiência operacional, otimizando a logística e a gestão de estoques com base em dados preditivos.
Brasil: mercado promissor
O Brasil é destaque entre os mercados emergentes mais promissores, atraindo o interesse de grandes marcas internacionais. Apesar da forte concorrência, ainda há muitas oportunidades para empresas que compreendem as particularidades do consumidor brasileiro e conseguem adaptar suas estratégias para atender tanto às compras online quanto ao varejo físico. A integração entre canais – físico, web e dispositivos móveis – já não é mais um diferencial, mas necessidade estratégica. Companhias que conseguem unir essas experiências e oferecer serviços adicionais com os apps, como atendimento personalizado, programas de fidelidade e conteúdos exclusivos, saem na frente.
O varejo digital focado em dispositivos móveis representa uma grande oportunidade para empresas que desejam inovar e expandir em 2025. O crescimento no tempo de uso dos aplicativos, o avanço da IA e a ampliação dos marketplaces globais são fatores determinantes para a evolução do setor. No Brasil, a crescente demanda e a transformação digital do comércio tornam o cenário ainda mais propício para investimentos. Para varejistas que ainda não consolidaram a presença nesse ambiente, o momento de agir é agora. Adaptar-se a essa realidade não é apenas uma tendência, mas um requisito essencial para manter a competitividade.
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Como a transformação digital e a economia baseada em dados estão mudando a interação e a personalização das experiências de consumo
A experiência do cliente tem passado por uma transformação radical nesta última década e, com o avanço da transformação digital, as empresas foram forçadas a repensar a forma como se relacionam e personalizam as interações com seu público. Hoje, o consumidor moderno espera respostas rápidas e personalizadas, desenhadas especificamente para seus desejos ou necessidades de consumo. Mas, apesar do investimento significativo na área, os resultados muitas vezes ficam aquém das expectativas, com clientes cada vez mais exigentes e até insatisfeitos com a experiência oferecida, uma vez que existe uma enorme fragmentação de canais de contato e formatos de comunicação, na maioria das vezes ainda pouco integrados sob a ótica do usuário.
Em um cenário onde somos constantemente bombardeados por mensagens no WhatsApp, interações em redes sociais, como Instagram e TikTok, além de e-mails, sites e atendimento em lojas físicas, a experiência do cliente tornou-se um desafio complexo e multifacetado. De acordo com relatório da Statista (2025), estima-se que o valor global do mercado de social commerce em 2024 haja sido de US$ 700 milhões, cerca de 17% do total de e-commerce do mundo, impulsionado principalmente pela adoção de redes sociais como Instagram, Facebook, TikTok e Pinterest. No Brasil, especificamente, o cenário é igualmente estimulante: pesquisa da PwC aponta que cerca de 78% dos consumidores brasileiros já compraram algum produto ou serviço após vê-lo nas redes sociais.
O ambiente híbrido e acelerado exige que as empresas estejam presentes e atuantes em diversos canais (inclusive nas plataformas sociais), oferecendo uma experiência fluida e contínua. A omnicanalidade — a capacidade de oferecer a experiência integrada em múltiplos pontos de contato — tornou-se requisito mínimo para atender às demandas do consumidor atual. Porém, ela só se tornou viável graças à transformação digital e à integração no uso de dados dos clientes. No passado, as interações limitavam-se a lojas físicas e atendimento telefônico; hoje, aplicativos, chats e redes sociais são essenciais na jornada de um consumidor com cada vez menos tempo (e paciência).
O aumento exponencial dos canais de contato traz um desafio: como integrar esses pontos para que o cliente se sinta reconhecido e valorizado, independentemente do meio pelo qual entra em contato com a marca? As empresas precisam investir em sistemas e plataformas que promovam experiência unificada e coesa, reduzindo o risco de que o cliente tenha que repetir informações ou entenda ser “apenas mais um” no meio da multidão digital.
Por exemplo: estamos na iminência da chegada ao Brasil do TikTok Shop, um novo formato de social commerce que promete trazer uma revolução para as compras online de usuários de segmentos como moda, estilo, saúde e cuidados pessoais. Recentemente, foi a Temu quem chegou ao Brasil, transformando bastante o cenário do comércio eletrônico em geral. Como integrar sua marca, no ritmo frenético das novidades tecnológicas diárias, às necessidades mencionadas do consumidor, em prol de uma experiência sem fricção?
Personalização por meio do uso de dados
Nessa jornada, a personalização é um pilar essencial para a evolução da experiência do cliente. Com o volume massivo de dados gerados a cada interação digital, as empresas podem compreender melhor o comportamento, as preferências e as necessidades de seus clientes. Plataformas de CRM (Customer Relationship Management) e tecnologias de análise de dados em grandes volumes, suportadas por IA cada vez mais poderosas e assertivas, permitem que as empresas construam uma visão 360º do consumidor, antecipando suas necessidades e personalizando ofertas de maneira mais precisa.
Porém, a coleta e o uso de dados trazem questões éticas e de privacidade. É fundamental que as empresas respeitem a privacidade dos dados e sejam transparentes sobre como esses dados são utilizados. A confiança do cliente pode ser facilmente quebrada se ele perceber que suas informações são usadas de forma invasiva ou sem consentimento claro.
Além disso, a personalização deve ser equilibrada para que o cliente se sinta valorizado, mas não “vigiado”. Por exemplo, o uso de Inteligência Artificial (IA) para sugerir produtos pode ser útil, mas precisa ser de forma sutil para que o cliente não se sinta invadido. Além disso, o uso de bots e automação no atendimento ao cliente tem sido um grande aliado na transformação digital, permitindo que empresas lidem com grandes volumes de interações de forma rápida e eficiente. No entanto, a automação traz um paradoxo: ao mesmo tempo em que torna o atendimento mais acessível, ela pode desumanizar a experiência. E também aqui a IA poderá ser um potencializador de experiências incríveis, ou uma destruidora de reputações e valor.
Enquanto os bots podem resolver problemas simples, muitas vezes falham em casos mais complexos, gerando frustração no cliente. O ideal é que as empresas utilizem a automação para resolver questões rotineiras, liberando o atendimento humano para casos que demandem mais atenção e empatia. Isso não só aumenta a eficiência como também melhora a satisfação do cliente, que se sente ouvido e valorizado.
NPS e os desafios de medir a satisfação do cliente
Para avaliar a satisfação dos clientes, muitas empresas utilizam o NPS (Net Promoter Score), métrica que indica a probabilidade do cliente recomendar a marca. Embora seja um indicador valioso, o NPS não deve ser utilizado de forma isolada em relação a outros fatores. Entretanto, ele pode dar indícios valiosos para revelar oportunidades de melhoria da experiência do cliente. Estudos mostram que, apesar dos investimentos, muitos clientes ainda se sentem insatisfeitos com as experiências de relacionamento providas pelas empresas, o que evidencia a crescente demanda por experiências mais personalizadas e atendimento mais atencioso. Nesse contexto, o NPS, além de ser uma ferramenta quantitativa, também traz dados qualitativos que indicam a necessidade de ajustes. Ele não apenas mede a satisfação, mas revela pontos críticos onde o atendimento falha em atender às expectativas dos consumidores modernos.
Portanto, a transformação digital não deve apenas automatizar e personalizar a experiência do cliente, mas também humanizá-la, com o apoio de ferramentas e indicadores de gestão. Em um mundo onde a automação é predominante, o atendimento humano é ainda mais valioso, pois o cliente busca empatia e eficiência, principalmente em questões e problemas mais complexos.
Dessa forma, as empresas que conseguirem unir dados, automação e atendimento humano em um ecossistema coeso, proporcionando uma experiência mais humana e personalizada, sairão na frente. A chave para o sucesso é equilibrar tecnologia e humanização, mostrando ao cliente que ele é mais do que uma sequência de dados — ele é um indivíduo com necessidades e desejos únicos. O futuro da experiência do cliente dependerá de como as empresas conseguirão humanizar suas interações digitais, transformando cada contato em oportunidade de fortalecer o relacionamento e criar valor para o cliente. A verdadeira inovação estará na capacidade de fazer o cliente sentir-se único e valorizado em cada interação.
E esse, não à toa, é um dos temas mais “quentes” em discussão no SxSw de 2025. Pois reside aí a próxima fronteira de diferenciação dos negócios.
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Como a transformação digital e a economia baseada em dados estão mudando a interação e a personalização das experiências de consumo
A experiência do cliente tem passado por uma transformação radical nesta última década e, com o avanço da transformação digital, as empresas foram forçadas a repensar a forma como se relacionam e personalizam as interações com seu público. Hoje, o consumidor moderno espera respostas rápidas e personalizadas, desenhadas especificamente para seus desejos ou necessidades de consumo. Mas, apesar do investimento significativo na área, os resultados muitas vezes ficam aquém das expectativas, com clientes cada vez mais exigentes e até insatisfeitos com a experiência oferecida, uma vez que existe uma enorme fragmentação de canais de contato e formatos de comunicação, na maioria das vezes ainda pouco integrados sob a ótica do usuário.
Em um cenário onde somos constantemente bombardeados por mensagens no WhatsApp, interações em redes sociais, como Instagram e TikTok, além de e-mails, sites e atendimento em lojas físicas, a experiência do cliente tornou-se um desafio complexo e multifacetado. De acordo com relatório da Statista (2025), estima-se que o valor global do mercado de social commerce em 2024 haja sido de US$ 700 milhões, cerca de 17% do total de e-commerce do mundo, impulsionado principalmente pela adoção de redes sociais como Instagram, Facebook, TikTok e Pinterest. No Brasil, especificamente, o cenário é igualmente estimulante: pesquisa da PwC aponta que cerca de 78% dos consumidores brasileiros já compraram algum produto ou serviço após vê-lo nas redes sociais.
O ambiente híbrido e acelerado exige que as empresas estejam presentes e atuantes em diversos canais (inclusive nas plataformas sociais), oferecendo uma experiência fluida e contínua. A omnicanalidade — a capacidade de oferecer a experiência integrada em múltiplos pontos de contato — tornou-se requisito mínimo para atender às demandas do consumidor atual. Porém, ela só se tornou viável graças à transformação digital e à integração no uso de dados dos clientes. No passado, as interações limitavam-se a lojas físicas e atendimento telefônico; hoje, aplicativos, chats e redes sociais são essenciais na jornada de um consumidor com cada vez menos tempo (e paciência).
O aumento exponencial dos canais de contato traz um desafio: como integrar esses pontos para que o cliente se sinta reconhecido e valorizado, independentemente do meio pelo qual entra em contato com a marca? As empresas precisam investir em sistemas e plataformas que promovam experiência unificada e coesa, reduzindo o risco de que o cliente tenha que repetir informações ou entenda ser “apenas mais um” no meio da multidão digital.
Por exemplo: estamos na iminência da chegada ao Brasil do TikTok Shop, um novo formato de social commerce que promete trazer uma revolução para as compras online de usuários de segmentos como moda, estilo, saúde e cuidados pessoais. Recentemente, foi a Temu quem chegou ao Brasil, transformando bastante o cenário do comércio eletrônico em geral. Como integrar sua marca, no ritmo frenético das novidades tecnológicas diárias, às necessidades mencionadas do consumidor, em prol de uma experiência sem fricção?
Personalização por meio do uso de dados
Nessa jornada, a personalização é um pilar essencial para a evolução da experiência do cliente. Com o volume massivo de dados gerados a cada interação digital, as empresas podem compreender melhor o comportamento, as preferências e as necessidades de seus clientes. Plataformas de CRM (Customer Relationship Management) e tecnologias de análise de dados em grandes volumes, suportadas por IA cada vez mais poderosas e assertivas, permitem que as empresas construam uma visão 360º do consumidor, antecipando suas necessidades e personalizando ofertas de maneira mais precisa.
Porém, a coleta e o uso de dados trazem questões éticas e de privacidade. É fundamental que as empresas respeitem a privacidade dos dados e sejam transparentes sobre como esses dados são utilizados. A confiança do cliente pode ser facilmente quebrada se ele perceber que suas informações são usadas de forma invasiva ou sem consentimento claro.
Além disso, a personalização deve ser equilibrada para que o cliente se sinta valorizado, mas não “vigiado”. Por exemplo, o uso de Inteligência Artificial (IA) para sugerir produtos pode ser útil, mas precisa ser de forma sutil para que o cliente não se sinta invadido. Além disso, o uso de bots e automação no atendimento ao cliente tem sido um grande aliado na transformação digital, permitindo que empresas lidem com grandes volumes de interações de forma rápida e eficiente. No entanto, a automação traz um paradoxo: ao mesmo tempo em que torna o atendimento mais acessível, ela pode desumanizar a experiência. E também aqui a IA poderá ser um potencializador de experiências incríveis, ou uma destruidora de reputações e valor.
Enquanto os bots podem resolver problemas simples, muitas vezes falham em casos mais complexos, gerando frustração no cliente. O ideal é que as empresas utilizem a automação para resolver questões rotineiras, liberando o atendimento humano para casos que demandem mais atenção e empatia. Isso não só aumenta a eficiência como também melhora a satisfação do cliente, que se sente ouvido e valorizado.
NPS e os desafios de medir a satisfação do cliente
Para avaliar a satisfação dos clientes, muitas empresas utilizam o NPS (Net Promoter Score), métrica que indica a probabilidade do cliente recomendar a marca. Embora seja um indicador valioso, o NPS não deve ser utilizado de forma isolada em relação a outros fatores. Entretanto, ele pode dar indícios valiosos para revelar oportunidades de melhoria da experiência do cliente. Estudos mostram que, apesar dos investimentos, muitos clientes ainda se sentem insatisfeitos com as experiências de relacionamento providas pelas empresas, o que evidencia a crescente demanda por experiências mais personalizadas e atendimento mais atencioso. Nesse contexto, o NPS, além de ser uma ferramenta quantitativa, também traz dados qualitativos que indicam a necessidade de ajustes. Ele não apenas mede a satisfação, mas revela pontos críticos onde o atendimento falha em atender às expectativas dos consumidores modernos.
Portanto, a transformação digital não deve apenas automatizar e personalizar a experiência do cliente, mas também humanizá-la, com o apoio de ferramentas e indicadores de gestão. Em um mundo onde a automação é predominante, o atendimento humano é ainda mais valioso, pois o cliente busca empatia e eficiência, principalmente em questões e problemas mais complexos.
Dessa forma, as empresas que conseguirem unir dados, automação e atendimento humano em um ecossistema coeso, proporcionando uma experiência mais humana e personalizada, sairão na frente. A chave para o sucesso é equilibrar tecnologia e humanização, mostrando ao cliente que ele é mais do que uma sequência de dados — ele é um indivíduo com necessidades e desejos únicos. O futuro da experiência do cliente dependerá de como as empresas conseguirão humanizar suas interações digitais, transformando cada contato em oportunidade de fortalecer o relacionamento e criar valor para o cliente. A verdadeira inovação estará na capacidade de fazer o cliente sentir-se único e valorizado em cada interação.
E esse, não à toa, é um dos temas mais “quentes” em discussão no SxSw de 2025. Pois reside aí a próxima fronteira de diferenciação dos negócios.
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Bets, endividamento e fraude: o outro lado da ampliação do crédito consignado
A proposta do governo federal de criar uma plataforma para empréstimo consignado voltada para trabalhadores com carteira assinada (CLTs) – que pode sair do papel ainda esse ano, traz consigo a promessa da democratização do crédito e também joga luz sobre uma série de questões que podem agravar o endividamento da população brasileira e aprofundar problemas estruturais relacionados à oferta desenfreada de crédito de baixo custo – e as famosas “bets”, ou site de apostas, representam um dos maiores desafios nesse sentido.
Soma-se a isso, também, o fato de que a plataforma pode aumentar ainda mais o número de casos de golpe usando o mecanismo do crédito consignado – embora essa informação não tenha sido contabilizada nos últimos dois anos, em 2022 os Procons brasileiros registraram um volume de 57.874 queixas de golpes envolvendo empréstimos consignados – o que equivalia a mais de seis denúncias por hora.
Nessa receita perigosa, adicionamos ainda o problema do endividamento das famílias brasileiras. Ainda que tenha recuado 0,9 ponto percentual em um ano, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgados no final de janeiro, a maior exposição dos trabalhadores ao crédito pode criar uma espiral de endividamento ligada, justamente, às bets.
O problema das bets: longe de acabar
As “bets” são como ficaram conhecidos os sites de apostas esportivas, que acabaram, também, abrindo caminho para um novo tipo de site de apostas, os cassinos online – comumente chamados como “Jogo do Tigrinho”. O problema é que a lei 13.756/2018, que autorizou as empresas de apostas, também previa um prazo máximo de quatro anos para que o Ministério da Fazenda regulamentasse a atividade, o que não aconteceu. O resultado é que essas empresas operam dentro de um “limbo regulatório”, sem regras claras.
Sem regras claras, e com um considerável alcance publicitário, principalmente em mídias sociais, os jogos de apostas viraram uma epidemia. Em 2024, as famílias brasileiras apostaram em torno de R$ 240 bilhões nas bets – levando mais de 1,8 milhão de pessoas à inadimplência por conta das apostas virtuais. As famílias de menor renda, segundo a CNC, foram as mais impactadas: em janeiro do ano passado, representavam 26% – em dezembro, esse número chegou a 29%.
Em um contexto no qual a oferta de crédito é amplamente facilitada e a análise de risco nem sempre é aprofundada, muitos trabalhadores podem ser levados a utilizar o empréstimo consignado para apostar nos jogos online. Obviamente, isso pode levar a um aumento ainda maior do endividamento, com trabalhadores recorrendo a novas operações de crédito para saldar dívidas anteriores, criando uma espiral negativa de dependência financeira. Pesquisa recente do SPC Brasil, em parceria com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), aponta que o percentual de inadimplência entre consumidores que recorrem repetidamente a esse tipo de empréstimo tem aumentado significativamente, reforçando a ideia de que a facilidade de acesso, sem uma gestão financeira responsável, pode transformar o crédito em um instrumento de risco elevado.
Mais do que isso, algumas pesquisas apontam que até 60% dos usuários das plataformas de jogos de azar podem usar dinheiro de crédito, incluindo o consignado, para as apostas. E para tornar a situação ainda mais dramática, o volume inadimplente no crédito consignado para trabalhadores do setor privado aumentou 0,8 ponto percentual entre 2023 e 2024, segundo o Banco Central.
Fraudes e crédito consignado
Dados recentes do Banco Central indicam que o volume de operações de crédito consignado tem crescido de forma acelerada nos últimos anos, atingindo níveis que exigem um monitoramento mais rigoroso das instituições financeiras e das plataformas intermediárias.
A questão se agrava quando se leva em consideração que, para que a plataforma de empréstimo consignado opere em larga escala, os bancos e instituições financeiras serão obrigados a adotar medidas antifraude cada vez mais robustas.
O cenário de digitalização dos serviços financeiros tem mostrado, nos últimos anos, um aumento expressivo nos casos de fraudes eletrônicas, muitas vezes sofisticadas e difíceis de detectar. Assim, a necessidade de investir em tecnologia e em sistemas de segurança cibernética se torna imperativa para mitigar riscos que podem comprometer não apenas a saúde financeira dos consumidores, mas também a estabilidade do sistema financeiro como um todo.
Além disso, a centralização das operações em uma única plataforma pode criar um ambiente propício para a ocorrência de fraudes internas e a manipulação de dados. A automatização e a integração dos sistemas, quando não acompanhadas de um robusto controle interno, abrem espaço para que agentes mal-intencionados explorem vulnerabilidades, oferecendo um cenário onde o prejuízo pode ser duplo: por um lado, o trabalhador se vê envolvido em dívidas que comprometerão sua renda, e, por outro, a instituição financeira pode ser vítima de fraudes que aumentam os custos operacionais.
Além da tecnologia, os bancos precisarão contar também com serviços de formalização de crédito bancário, nos quais a concessão e a gestão desses empréstimos sejam realizadas de maneira transparente e segura. A formalização do crédito consignado envolve a verificação minuciosa dos dados dos solicitantes, garantindo que os empréstimos sejam concedidos apenas a trabalhadores que atendam a critérios específicos de elegibilidade. Esse processo inclui a análise de documentos, como comprovantes de renda e histórico de crédito, para assegurar que os beneficiários tenham capacidade de honrar com os pagamentos.
Em última análise, o caminho a ser seguido deve ser pautado pela transparência, pela responsabilidade e pela busca de um equilíbrio entre a inovação tecnológica e a proteção dos direitos dos consumidores.
A plataforma de empréstimo consignado pode, sem dúvida, oferecer benefícios significativos, mas esses benefícios não podem ser alcançados à custa do bem-estar financeiro dos trabalhadores. É imperativo que cada operação seja acompanhada de uma análise criteriosa, que as medidas antifraude sejam constantemente revisadas e atualizadas e que os consumidores tenham acesso a informações claras e precisas sobre os riscos e as condições do crédito contratado.
Dessa forma, poderemos transformar o acesso facilitado ao crédito em uma ferramenta de inclusão e de desenvolvimento, e não em um instrumento que, inadvertidamente, aprofunda o endividamento e a instabilidade econômica. A construção de um ambiente financeiro mais seguro e sustentável passa necessariamente pelo diálogo entre todos os envolvidos e pela implementação de medidas que estejam à altura dos desafios impostos pela era digital.
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A bolha do venture capital estourou, e agora, startups?
Por Alberto Azevedo, especialista em investimentos e CEO da Alby Foundation
Nos últimos anos, o mercado de venture capital no Brasil passou de euforia à retração. Se antes havia um excesso de liquidez impulsionando investimentos em startups promissoras, hoje o cenário é outro. A alta da taxa Selic e a maior seletividade dos investidores impuseram um freio no ecossistema, tornando a captação de recursos um desafio crescente. Dados da LAVCA mostram que os investimentos caíram de US$ 3,2 bilhões em 2022 para US$ 2,1 bilhões em 2023, e despencaram para apenas US$ 225 milhões nos primeiros três trimestres de 2024. Essa nova realidade obriga os empreendedores a repensarem suas estratégias de financiamento e a explorarem caminhos menos convencionais, mas muitas vezes mais sustentáveis.
O ecossistema de startups foi cativado pela ideia de que um negócio inovador precisa, obrigatoriamente, de investidores tradicionais para existir. Rodadas de venture capital, valuations inflados e a obsessão por captar milhões logo no início se tornaram quase um rito de passagem. Entretanto, o questionamento que fica: e se estivermos comprando um mito que beneficia mais o mercado financeiro do que os próprios empreendedores?
Construir um MVP – versão mais simples de um produto que pode ser lançada no mercado – e validar uma ideia são desafios cruciais, mas o capital de risco não é a única, e talvez nem a melhor opção para essa etapa. Na ânsia por dinheiro rápido, muitos fundadores acabam diluindo sua participação cedo demais e perdem o controle sobre a empresa antes mesmo de entenderem seu verdadeiro potencial de crescimento. O modelo de captação impõe uma pressão por escalabilidade artificial, o que pode ser fatal para negócios que precisam de tempo para amadurecer.
Empresas como Mailchimp, Amazon e Duolingo seguiram caminhos diferentes, explorando alternativas como bootstrapping, rodadas com familiares, grants e crowdfunding. O Mailchimp, por exemplo, nunca recebeu um centavo de capital de risco e foi vendido por US$ 12 bilhões. O Duolingo garantiu suas primeiras fases de desenvolvimento com bolsas de pesquisa. Já Jeff Bezos deu os primeiros passos da Amazon com um investimento da própria família.
O modelo tradicional de investimento cria um ciclo vicioso, onde startups captam para crescer, crescem para captar mais e, no processo, perdem identidade e propósito. Muitas organizações acabam reféns de investidores que exigem retornos acelerados, forçando pivôs desnecessários e decisões que podem comprometer a longevidade do negócio. A cultura do crescer ou morrer levou gigantes como WeWork e Peloton a queimarem bilhões antes de perceberem que o crescimento sustentável deveria ter sido a prioridade desde o início.
Existem alternativas. O bootstrapping garante controle total. O crowdfunding valida o mercado e gera caixa sem diluição. Grants e subvenções oferecem dinheiro sem necessidade de reembolso. Programas de aceleradoras podem ser um atalho para conexões estratégicas, e a pré-venda de produtos permite que clientes sejam os verdadeiros investidores iniciais. O Airbnb começou vendendo caixas de cereal para se manter até validar seu modelo de negócio. A Pebble arrecadou mais de US$ 10 milhões no Kickstarter antes de fabricar um único smartwatch.
Empreendedores precisam se libertar da narrativa de que só existe um caminho. O capital de risco pode ser uma ferramenta útil, mas deve ser encarado como uma escolha estratégica, não como um pré-requisito. Startups que entendem suas opções aumentam suas chances de construir negócios sólidos, sustentáveis e alinhados à visão de seus fundadores. O dinheiro está aí, só precisamos parar de olhar sempre na mesma direção.
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A bolha do venture capital estourou, e agora, startups?
Por Alberto Azevedo, especialista em investimentos e CEO da Alby Foundation
Nos últimos anos, o mercado de venture capital no Brasil passou de euforia à retração. Se antes havia um excesso de liquidez impulsionando investimentos em startups promissoras, hoje o cenário é outro. A alta da taxa Selic e a maior seletividade dos investidores impuseram um freio no ecossistema, tornando a captação de recursos um desafio crescente. Dados da LAVCA mostram que os investimentos caíram de US$ 3,2 bilhões em 2022 para US$ 2,1 bilhões em 2023, e despencaram para apenas US$ 225 milhões nos primeiros três trimestres de 2024. Essa nova realidade obriga os empreendedores a repensarem suas estratégias de financiamento e a explorarem caminhos menos convencionais, mas muitas vezes mais sustentáveis.
O ecossistema de startups foi cativado pela ideia de que um negócio inovador precisa, obrigatoriamente, de investidores tradicionais para existir. Rodadas de venture capital, valuations inflados e a obsessão por captar milhões logo no início se tornaram quase um rito de passagem. Entretanto, o questionamento que fica: e se estivermos comprando um mito que beneficia mais o mercado financeiro do que os próprios empreendedores?
Construir um MVP – versão mais simples de um produto que pode ser lançada no mercado – e validar uma ideia são desafios cruciais, mas o capital de risco não é a única, e talvez nem a melhor opção para essa etapa. Na ânsia por dinheiro rápido, muitos fundadores acabam diluindo sua participação cedo demais e perdem o controle sobre a empresa antes mesmo de entenderem seu verdadeiro potencial de crescimento. O modelo de captação impõe uma pressão por escalabilidade artificial, o que pode ser fatal para negócios que precisam de tempo para amadurecer.
Empresas como Mailchimp, Amazon e Duolingo seguiram caminhos diferentes, explorando alternativas como bootstrapping, rodadas com familiares, grants e crowdfunding. O Mailchimp, por exemplo, nunca recebeu um centavo de capital de risco e foi vendido por US$ 12 bilhões. O Duolingo garantiu suas primeiras fases de desenvolvimento com bolsas de pesquisa. Já Jeff Bezos deu os primeiros passos da Amazon com um investimento da própria família.
O modelo tradicional de investimento cria um ciclo vicioso, onde startups captam para crescer, crescem para captar mais e, no processo, perdem identidade e propósito. Muitas organizações acabam reféns de investidores que exigem retornos acelerados, forçando pivôs desnecessários e decisões que podem comprometer a longevidade do negócio. A cultura do crescer ou morrer levou gigantes como WeWork e Peloton a queimarem bilhões antes de perceberem que o crescimento sustentável deveria ter sido a prioridade desde o início.
Existem alternativas. O bootstrapping garante controle total. O crowdfunding valida o mercado e gera caixa sem diluição. Grants e subvenções oferecem dinheiro sem necessidade de reembolso. Programas de aceleradoras podem ser um atalho para conexões estratégicas, e a pré-venda de produtos permite que clientes sejam os verdadeiros investidores iniciais. O Airbnb começou vendendo caixas de cereal para se manter até validar seu modelo de negócio. A Pebble arrecadou mais de US$ 10 milhões no Kickstarter antes de fabricar um único smartwatch.
Empreendedores precisam se libertar da narrativa de que só existe um caminho. O capital de risco pode ser uma ferramenta útil, mas deve ser encarado como uma escolha estratégica, não como um pré-requisito. Startups que entendem suas opções aumentam suas chances de construir negócios sólidos, sustentáveis e alinhados à visão de seus fundadores. O dinheiro está aí, só precisamos parar de olhar sempre na mesma direção.
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Como a falta de um CRM prejudica as vendas?
“Não estou vendo resultados”. Essa é uma frase muito comum no mercado dita por clientes que buscam dar seus primeiros passos no mundo do marketing digital, mas sem a preparação inicial que serve como base para demonstrar, perfeitamente, a entrega de resultados do trabalho dos profissionais dessa área, torna-se difícil a confecção de relatórios.
Conquistar esses resultados eficazes em si não é algo complexo, o problema, de fato, reside na coleta de dados para apresentação de números que podem embasar a percepção do trabalho, o que não é algo simples e demanda o investimento em uma ferramenta que será a peça-chave para esses objetivos: o CRM (Client Relationship Management).
Apesar de ainda ser muito associado à essa conquista de metas, muitos esquecem ou não compreendem que o marketing pode ter múltiplos objetivos, sendo, como exemplo, ser comumente utilizado por pequenas e médias empresas apenas para a geração de leads. Porém, quando este processo é conduzido diretamente em certas plataformas sem o apoio de ferramentas robustas que controlem a chegada dos leads e os conduzam em uma jornada aderente a seu perfil, há um grande risco de perda de dados referentes ao motivo de saída, bem como a falta de controle sobre o desempenho da equipe de vendas.
Evitando esses prejuízos, com a aplicação das ferramentas disponibilizadas pelo sistema de gerenciamento de clientes, como é conhecido o CRM, as empresas têm a possibilidade de trabalhar com o marketing conversacional, buscando adotar conversas em tempo real como estratégia central para engajar seus leads e guiá-los em cada etapa da jornada de compra. Assim, a empresa e sua equipe podem criar experiências genuínas e envolventes, com um toque empático e próximo, fortalecendo conexões com seus consumidores.
Essa necessidade vem sendo percebida no mercado desde o século XX, quando os CRMs foram primeiramente implementados manualmente através do Rolodex, uma lista de contatos em papel. Em 1987, no entanto, o primeiro software similar aos CRMs que são disponibilizados atualmente entrou no mercado, nomeado “ACT!”. O ponto a ser evidenciado aqui é a necessidade observada de tal artifício dentro da área digital desde o século passado.
Hoje, segundo uma pesquisa realizada pela Nucleus Research, que busca prover pesquisas relacionadas ao ROI (Retorno Sobre Investimento), foi constatado que, para cada dólar investido em um CRM, oito são retornados para a empresa. Estamos falando de um retorno de 800% – ou seja, o dinheiro aplicado para a contratação de um desses aplicativos se paga e, adicionalmente, traz lucros para a companhia.
Contudo, mesmo diante de um dado incontestável e de tantos empreendimentos internacionais que já incorporam o CRM em suas rotinas, muitas empresas ainda estão relutantes em apostar em uma ferramenta que já está no mercado há quase quatro décadas e, com isso, além de perderem possíveis clientes, também perderão dados relacionados ao tratamento desses leads, bem como seus motivos de desistência.
Um cliente satisfeito não é tenderá a se tornar fiel à marca, como também recomendá-la organicamente a muitas outras pessoas. E, se a sua empresa não quer perder espaço para a concorrência e compreender, exatamente, a jornada de seus consumidores para convertê-los em uma experiência memorável, recorrer ao CRM não representará mais um custo tecnológico, mas sim um investimento a longo prazo que será essencial para potencializar, constantemente, suas vendas, lucratividade e destaque no setor.